sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Me espera!


Vou chegar
A qualquer hora ao meu lugar
E se uma outra pretendia um dia te roubar
Dispensa essa vadia
Eu vou voltar

sábado, 15 de dezembro de 2007

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Vamos, entretanto evitar mal-entendidos.


"...A excessiva, grave e mórbida atenção, assim excitada por objetos absolutamente frívolos, não deve ser confundida em sua natureza com a tendência à meditação comum a todos os seres humanos, a que se entregam, em especial, as pessoas de imaginação ardente. Nem mesmo era, como a princípio se poderia supor, uma condição extrema, exagerada, dessa tendência, mas uma situação fundamental e nitidamente diversa. Naquele caso, o sonhador, ou cismático, ao interessar-se por um objeto usualmente não-trivial, imperceptivelmente vai perdendo de vista esse objeto, enredando-se num emaranhado de deduções e sugestões resultantes daí, até que, ao final de um dia não raro pleno de voluptuosidade, desaparece o incitamentum ou causa primeira de seus devaneios, inteiramente afundado no esquecimento."

Berenice - Allan Poe

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A Metamorfose




"É certo que lhe doía o corpo todo, mas parecia-lhe que a dor estava a diminuir e que em breve desapareceria. A maçã podre e a zona inflamada do dorso em torno dela quase não o incomodavam. Pensou na família com ternura e amor. A sua decisão de partir era, se possível, ainda mais firme do que a da irmã. Deixou-se ficar naquele estado de vaga e calma meditação até o relógio da torre bater as três da manhã. Uma vez mais, os primeiros alvores do mundo que havia para além da janela penetraram-lhe a consciência. Depois, a cabeça pendeu-lhe inevitavelmente para o chão e de suas narinas saiu um último e débil suspiro."


Kafka

sábado, 17 de novembro de 2007

Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.



Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si própria, nunca mais me esqueceu, nem achei que lhe fosse comparável qualquer outra sensação da mesma espécie. Naturalmente por ser minha. Naturalmente também por ser a primeira.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

.a tenção.



"Era brasileira, filha de lituanos, mas brasileira. De vez em quando, puxava um sotaque. Pintadíssima, sardenta, manchada como uma tordilha. Sempre que fazia o gesto, era um alarido de pulseiras, pingentes, colares, o diabo. Muito olhado, ele ia passando. E, de repente, na escada, começou a ter nojo, simplesmente nojo, da mulher. Em seguida, começou a ter nojo do cheiro do pai quando estava para morrer. Vinha descendo uma das mulheres. Madame deu risada:
- Vou namorar."
Nelson Rodrigues

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Bertold Brecht

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Minha Menina e a Menina Dela.


Pois o amor sempre vem daquele outro lugar, da outra metade. A irremediável necessidade de um dia ser alguém em totalidade veio agora bater-lhe a porta, não chegou de forma brusca, não apanhou apenas de toalha e não trouxe cobranças, veio na figura de alguém feliz, travou um discurso lírico e comprovou todos os laços afetivos. Afinal para ela ser mãe não é simplesmente existir, é ser um emaranhado de sentimentos tão profundos e sinceros que não tolera limites.

Conte comigo.

lg

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O mesmo Deus que dá, tudo toma.


Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão.
Quando chegar o momento esse meu sofrimento vou cobrar com juros, JURO!
Todo esse amor reprimido, esse grito contido, este samba no escuro
Você que inventou a tristeza ora, tenha a fineza de desinventar
Você vai pagar e é dobrado cada lágrima rolada nesse meu penar.

Ainda pago pra ver o jardim florescer qual você não queria
Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir que esse dia há de vir antes do que você pensa

sábado, 29 de setembro de 2007

Escuta aqui, terráqueo, deixa de ser débil mental.


Explicar que sou um grande homem e não digo que sou uma grande mulher pela mesma razão por que não existe onço, só onça, nem foco, só foca, tudo isso é um bobajol de quem não tem o que fazer ou fica preso a idiossincrasias da língua, como aquelas cretinas feministas americanas que queriam mudar history para herstory, como se o his do começo da palavra fosse a mesma coisa que um pronome possessivo do gênero masculino, a imbecilidade humana não tem limites.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

.o homem é a cloaca do universo.

Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouví-la.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Deu-lhe um belo nome: a inquietante estranheza


...o indivíduo não mais se identifica com o que ele é, sabe ou faz. Para ele não conta sua realização íntima e pessoal, mas apenas o sucesso em vender socialmente suas qualidades.

domingo, 16 de setembro de 2007

Apêndice vivo de um mecanismo morto.


De muito gorda a porca já não anda 
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado

Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

...mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura!
Eu te amo.

Infelizmente a aparência é um dado imediato diferente da essência.


Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo, afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso


Morreu na contramão atrapalhando o trafico.

Não é a consciência que determina o ser, mas o ser que determina a consciência.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Amor...à João Pedro o Grande e Nicole a Bela.

em dose dupla!

Curto porém perfeito


Adoro os teus cabelos
Adoro a tua voz
Adoro teu estilo
Adoro tua paz de espírito

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Penso em tudo o que me disseste

A Cartola do afeiçoado senhor trepidou sutilmente cumprimentando a formosa donzela. Logo pela manhã o dia fazia-se agradável. De sol calmo. Uma parada no requintado café ORLEANS. A visita à loja de vinil era indispensável, porém, apenas desta vez, para evitar o atraso, rumou ao encontro de Sofia. Alguém em todo aquele vilarejo pensava nos prazeres da carne.

lg

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Uma perfeita forma de dominação autoritária: o trabalho.

Mas é interessante como ainda se insiste em criticar o Sul. É claro que é só inveja da genialidade do projeto sulista. Enquanto o resto do Brasil se esforçou para escravizar os índios e os negros, eles não. Eles só fizeram o suficiente para garantir a exploração da forma já conhecida: arrancaram a vegetação nativa, mataram todos os índios e trouxeram seus próprios escravos, poloneses, ucranianos, aí botaram todo mundo para trabalhar e pronto.

Se todo mundo gosta tanto de trabalhar porque não desistimos da felicidade preguiçosa e importamos de uma vez por todas a civilização européia? Só que daí teríamos que trazer também o que provavelmente faríamos questão de esquecer por lá: os movimentos revolucionários, as guerrilhas, o terrorismo, a anarquia.

SULISTAS

É claro que o Brasil sempre teve governos autoritários com alguns breves momentos de democracia. Então não adianta achar que ser democrático é dar o mesmo peso para a opinião de todos os cidadãos, sendo que só o Sul é industrializado o suficiente para segurar o resto do país. O Primeiro Mundo já provou que o trabalho, o desenvolvimento são os únicos caminhos de se chegar realmente à liberdade democrática, então para que perder tempo com as questões que não levam o lugar algum? Pessoas que trabalham dezesseis horas por dia ainda têm que ficar ouvindo essas discussões sobre formas de dominação, ficar divagando sobre quem domina quem. Só dá para divagar, se tiver gente trabalhando para segurar o país.
Se todos tivessem trabalho, os problemas com a liberdade ficam bem mais simples. A liberdade de consumo foi a única que deu certo até hoje, é por isso que os sulistas que compreendem esse espírito progressista brasileiro, é que têm o papel de gerar a identidade nacional. Esse nosso comportamento baseado no trabalho é o único capaz de preservar o país unido atualmente.

Uma perfeita forma de dominação autoritária: a felicidade.


Mas é engraçado como ainda se insiste em criticar a Bahia. É claro que é só inveja da genialidade do projeto bahiano. Enquanto o resto do mundo se esforça para dominar as massas seja pelo capitalismo, seja pelo socialismo, a guerra, a evolução, até o consumo, eles não. Eles só fazem o suficiente para gerar felicidade: mantém todo mundo pobre, coloca um som pra tocar e pronto. Tudo bem que eles sejam uns gênios, mas os que não querem ser felizes são obrigados a participar.
Se todo mundo prefere ficar feliz, por que não desistimos de vez da bandeira “ordem e progresso” e assumimos definitivamente essa ficção barata da felicidade moribunda, podre, mijada, essa imagem aprimorada da brasilidade enlatada que é boa pra todo mundo? Eu já estou calejada demais pra faturar com isso.

domingo, 2 de setembro de 2007

Andréa Dória


Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.

Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Vinicius de Moraes


Amo-te os braços juvenis que abraçam

Confiantes meu criminoso desvario

E as desveladas mãos, as mãos multiplicantes

Que em cardume acompanham o meu nadar sombrio.


Amo-te o colo pleno, onda de pluma e âmbar

Onda lenta e sozinha onde se exaure o mar

E onde é bom mergulhar até romper-me o sangue

E me afogar de amor e chorar e chorar.


Amo-te os grandes olhos sobre-humanos

Nos quais, mergulhador, sondo a escura voragem

Na ânsia de descobrir, nos mais fundos arcanos

Sob o oceano, oceanos; e além, a minha imagem.

Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela

O povo é que é sempre o sacrificado. Enquanto o condutor corria o guarda começou a apitar, que o bonde tinha parado no meio da luz verde aberta para os carros em direção contrária; parecia o dia de juízo, o bonde parado, os automóveis buzinando, o guarda apitando e sacudindo os braços, o pessoal do bonde rindo que era ver uns demônios. Afinal o bonde partiu, e que isso tudo acontecia porque o Governo promete mas não cumpre o dispositivo constitucional — sim, meus senhores, constitucional! — da mudança da capital da República. Imagine que delícia o Rio ficar livre de toda a laia dos burocratas, pelo menos um milhão de pessoas iria embora, e que maravilha o Rio com um milhão de vagas nos transportes, um milhão de vagas nas residências, um milhão de bocas a menos, para comer o nosso mísero abastecimento!
E aí o bonde inteiro aplaudiu, cada qual só pensava na vaga a seu lado. E, se aquele bonde fosse maior, talvez nesse dia, no Rio de Janeiro, houvesse uma revolução.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Em sentir sua frescura delicada, alegrezinha e cega, aqueles pedaços timidamente vivos, o coração da pessoa se enternecia úmido quase ridículo.

Veja bem. Se a gente é severo com os filhos, tipo aqueles pais que colocam os filhos de castigo e tudo o mais, dá uns tapinhas na bunda de vez em quando, os filhos ficam complexados. Aparece aquela sobrinha que estuda Psicologia na USP e diz que você é uma espécie de homem de Neanderthal? E que bater em criança é uma coisa absolutamente fora de questão, isso só faz crescer a raiva interior das crianças contra qualquer tipo de autoridade, e que já houve milhares de casos comprovados de adultos que se tornaram tarados sexuais, que se tornaram delinqüentes, um monte dessas coisas horríveis, só porque os pais batiam nelas quando elas eram pequenas.

Então, a gente resolve que não pode dar um tapinha na bunda nem obrigar a criança a comer verdura, isso também então já é um ponto pacífico, a gente nunca pode obrigar a criança a comer verdura, ela tem que comer o que quiser, porque o corpo sente necessidade das coisas, então quando a criança sentir necessidade de verdura, ela vai pedir verdura, não é para obrigar a criança a comer nada. Aliás, não é para obrigar a criança a nada, onde já se viu? veja aí os índios, que criam as crianças soltas e deixam elas fazerem o que querem. Então a gente cria os filhos sem tapinha na bunda, não obriga a comer verdura, não fica bravo quando eles xingam uma pessoa mais velha, e o que acontece? O filho vira um tarado sexual, um delinqüente, e a sobrinha que estuda Psicologia na USP diz que nosso filho ficou assim porque não teve pais que mostrassem as regras sociais, que as crianças precisam e até gostam que a gente demonstre autoridade, que isso dá mais segurança pra elas.

Qualquer coisa mesmo que você faça, se você bater ou não bater, se você obrigar os filhos a comer verduras, ou não obrigar, se você ensinar os filhos a respeitarem os mais velhos, ou não ensinar, tanto faz como tanto fez, o que acontece é que todos os nossos filhos vão acabar uns tarados sexuais e uns delinqüentes, essa é que é a verdade, uns tarados e uns delinqüentes que....
— Bilu, bilu, fala papai, fala, pa-pai...

Dizia que homem covarde não é cabra, é percevejo.


Se alguém me matasse. Se eu fosse abatido a tiros por uma amante, pelo marido de uma de minhas amantes, por um neurótico pela fama, por um serial killer americano que tivesse vindo ao Brasil, pelo engano de um traficante, por um assaltante num cruzamento, por uma das milhares de balas perdidas que cruzam a cidade, por uma dessas motos enraivecidas que alucinam o transito, por um colega de profissão inconformado com a minha fama. Se morresse em uma inundação, atingido por um raio ou por um arvore derrubada por um vendaval. Por um remédio com data vencida, por uma comida estragada. Uma tragédia noticiada por toda a mídia, alimentada e realimentada, provocando manchetes vorazes, devoradas com prazer pelo publico e construindo a minha legenda.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O vento vai dizer lento o que virá...


Para sair do costumeiro que seja em pequenas doses. De shorts Jeans e musicalidade todos constroem seus imaginários. Aqueles que ainda trazem consigo uma nota, a cor da pele guardado na memória e lembranças daqueles dias de outrora, é porque sabe que a música não acabou. Talvez no canto daquela poltrona ainda esteja alguém esperando para ser tirada para dançar, o momento pode ser errado, mas o relógio insiste em fazer trabalhar os ponteiros.
lg

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ao modo de Woolf


Verdade é que não desejava intimidade, desejava conversa. A intimidade é um dos caminhos para o silêncio, e mrs. Crowe abominava o silêncio. Era preciso haver conversa, e que esta fosse geral e que abarcasse tudo. Não devia ser profunda demais nem inteligente demais, pois se progredisse muito nessas direções alguém certamente se sentiria de fora, e ficaria sentado ali, balançando a xícara de chá, sem dizer nada.

As vozes do Morto

Parece traduzir nos seus trejeitos um permanente pedido de desculpas por tudo o que fez e pelo que não fez, perdão até de se ter casado com Dona Leonor que Novinha e não agora aquela máscara de pó, não era para se ter dado a ele, um sapateiro de origem impregnado pelo cheiro da sola dos dedos curtos e chatos, grudados de verniz. Dona Leonor estudou em colégio de Freiras, segundo ela mesma diz, sem propósito de diminuir o marido, apenas uma alusão saudosa a outra época, com os olhos grandes calmamente perdidos na distância ainda hoje experimenta um velho piano na sala, encimado pela toalhinha e pelo jarro de flores artificiais, onde já dormitam moscas quietas e reclama-se os dedos, já não são os mesmos.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

E UMAS PITADAS DE ROTINA


"Há momentos em que fica tudo tranqüilo demais, especialmente tarde da noite ou pela manhã cedinho. É aí que se sabe que falta algo na sua vida. Você fica sabendo, só isso." Frank Sinatra

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Fase boa


E a bicha era canhota, se não bastasse ser bicha, ainda era canhota, como essas que gostam de chamar a atenção e dar mais vida à mão do que ao resto do corpo, caso não fosse bicha não notaria a contra-mão. Dizem que os canhotos mesclam uma herança genética e outra social. E dizem que bicha é bicha mesmo. Garanto que bichas que escrevem com a mão direita são homossexuais, mais as que são canhotas, sem salvação. É a mesma linha, se abstrairmos, de uma mulher lésbica que usa salto-alto e de uma sapatão que adora Adidas®. Mulher lésbica e sapatão! Por fim, esqueceram de dizer que para cada olhar existe um peso e que em cada pessoa um valor diferente, injustiça olhar outrem com seus próprios valores, deixa-o apresentar-se.

lg

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

parabéns...

Mãe hoje é um dia que todos voltam à atenção para você e eu também quero te mimar um pouquinho. Agradeço por ter você para me educar e orgulho-me da sua simplicidade. Eu e minha irmã tivemos muita sorte, o pai nos ensinou como encarar o mundo e você nos ensinou a sentir, a respeitar e a dar valor nas pessoas, nos pequenos gestos e nas pequenas coisas. Devo a você o pouco da sensibilidade que tenho e é por essas e outras que te admiro e te amo. Parabéns.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Auto-Retrato

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

domingo, 5 de agosto de 2007

Quando precisamos de carinho...força e cuidado.

Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores

sábado, 28 de julho de 2007

Exijo respeito, não sou mais um sonhador.


E se esse frio não chegasse ao coração simplesmente não notaria os arrepios. Mas ele chega. Se pelo menos com essa velhice viesse às rugas, mas elas não vêm. Meramente uma velhice psicológica, a mesma que tranca pessoas em apartamentos. De súbito a vontade de ler um livro, vontade interrompida minutos depois com a desculpa de achar um agasalho. Sem agasalho e já com outras vontades agora procura fixar-se a qualquer coisa, escrever para não fazer esquisitice pior, uma boa saída talvez. Dos convites recebidos ao longo do dia que garantiria a noite um tom de anormalidade frente a essa rotina que se segue, lembra-se que o ato de repelir todos provoca, só agora, um pavor e até certa fadiga. Tudo bem que não queria aceitar, entretanto não queria isso. Na verdade agüentar a solidão dói.

lg

Eu quero ir, minha gente...


...eu não sou daqui, eu não tenho nada, quero ver Irene rir, quero ver Irene dar sua risada.

sábado, 21 de julho de 2007

Saudade

E quanto mais a minha produção fica escassa, do tempo que eu gasto com os outros e não comigo, das frases que eu digo a eles e não a mim, questiono os motivos pelos quais meus movimentos escolheram esse exílio literário. Certa vez aprendi de forma indireta que nada melhor do que o ócio para fazer florescer em nossas idéias indagações que geram poemas, musicalidade, coisas belas e afortunadas. Certa vez aprendi e esqueci com o tempo.
lg

terça-feira, 17 de julho de 2007

Bugio Moqueado


E naqueles olhos de desvario li o mais pungente grito de socorro que jamais a aflição humana calou...“O milagre não veio — infame que fui! — e aquele lampejo de esperança, o derradeiro talvez que lhe brilhou nos olhos, apagou-se num lancinante cerrar de pálpebras.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

ALEGRIA DE ESTAR COM VOCÊ

Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Hollywood fica ali bem perto,
só não vê quem tem um olho aberto
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Hollywood é um sonho de cenário,
Vi um pau-de-arara milionário
E eu que nem sonhava conhecer o tal Recife,
Pobre saltimbanco trapalhão.
Hoje sou mocinho, sou vizinho do xerife,
dou rabo-de-arraia em tubarão
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Tem de tudo nessa Hollywood,
Vi um índio cheio de saúde
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
How do you do?
Caruaru, I wanna see piripipi. Ói nós aqui
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Camelôs, malucos e engraxates,
Aproveitem enquanto o sonho é grátis
Quem há de negar que é bom dançar, que a vida é bela,
neste fabuloso Xanadu.
Eu só tenho medo de amanhã cair da tela
e acordar na casa do Bubu
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
How do you do?
Banabuiú, I wanna buy o Paraguai.
Hollywood and me
Ói nós aqui (vixe!)

quinta-feira, 12 de julho de 2007

O SOLDADO JACOB


Não lhes farei uma crônica de Paris, porque, enfastiado de rumor e movimento, tranquei-me no meu simples aposento de estudante e lá fiquei durante duas semanas. É verdade que esse tempo foi bastante para cair um ministério e subir outro. Mas, quer a queda, quer a subida, nada têm de interessante. Assim, limito-me a contar-lhes uma visita que fiz ao Hospital da "Charité", da qual me ficou pungente recordação.
O Hospital da "Charité" é dirigido pelo célebre psiquiatra Dr. Luys, cujos estudos recentes sobre o magnetismo, tanta discussão têm provocado. De fato, o ilustre médico tem ressuscitado, com o patrocínio do seu alto valor científico, teorias que pareciam definitivamente sepultadas. Não é delas, porém, que lhes quero falar.
Havia no hospital, há vinte e três anos, um velho soldado maníaco, que eu, como todos os médicos que freqüentam o estabelecimento, conhecia bastante. Era um tipo alto, moreno, anguloso, de longos cabelos brancos. O que tornava extraordinária a sua fisionomia era o contraste entre a tez carregada, os dentes e os cabelos alvíssimos, de um branco de neve imaculada, e os indescritíveis olhos em fogo, ardentes, e profundos. A neve daqueles fios alvos derramados sobre os ombros e o calor daqueles olhos que porejavam brasas atraíam, invencíveis, a atenção para o rosto do velho.
Havia, porém, outra cousa para prendê-la mais. Constantemente, um gesto brusco e mecânico, andando ou parado, os seus braços encolhiam-se e estendiam-se, nervosos, repetindo alguma cousa que parecia constantemente querer cair para cima dele. Era um movimento de máquina, um solavanco rítmico de pistão, contraindo-se e distendendo-se, regular e automaticamente. Sentia-se bem, à mais simples inspeção, que o velho tinha diante de si um fantasma qualquer, qualquer, alucinação do seu cérebro demente - e forcejava por afastá-la. Às vezes quando os seus gestos eram mais bruscos, o rosto assumia um paroxismo tal de pavor, que ninguém se furtava à impressão terrificante de tal cena. Os cabelos ouriçavam-se sobre a sua cabeça (era um fenômeno tão francamente visível, que nós o seguíamos com os olhos) e de todas as rugas daquele rosto amorenado desprendia-se um tal influxo de pavor e a face lhe tremia de tal sorte, que, na sua passagem, bruscamente, fazia-se um silêncio de morte.
Os que entram pela primeira vez em uma clínica de moléstias mentais têm a pergunta fácil. Vendo fisionomias estranhas e curiosas, tiques e manias que julgam raras, multiplicam as interrogações, querendo tudo saber, tudo indagar. Geralmente as explicações são simples e parecem desarrazoadas. Uma mulher que se expande em longas frases de paixão e arrulha e geme soluços de amor, com grandes atitudes dramáticas, - todos calculam, ao vê-la, que houve talvez, como causa de sua loucura, algum drama pungentíssimo.
Indagado, vem-se a saber que o motivo da sua demência foi alguma queda que interessou o cérebro. E esse simples traumatismo teve a faculdade de desarranjar de um modo tão estranho a máquina intelectual, imprimindo-lhe a mais bizarra das direções.
Assim, os que freqüentam clínicas psiquiátricas por simples necessidade de ofício, esquecem freqüentemente este lado pitoresco das cenas a que assistem e, desde que o doente não lhes toca em estudo, desinteressam-se de multiplicar interrogações a seu respeito. Era isto o que me tinha sucedido, acerca do velho maníaco.
Ele tinha livre trânsito em todo o edifício; era visto a todo instante, ora aqui, ora ali, e ninguém lhe prestava grande atenção. Da sua história nunca me ocorrera indagar cousa alguma.
Uma vez, porém, eu vim a sabê-la involuntariamente.
Nós estávamos no curso. O professor Luys dissertava sobre a conveniência das intervenções cirúrgicas na idiotia e na epilepsia. Na sala estavam três idiotas: dois homens e uma mulher e cinco casos femininos de epilepsia. O ilustre médico discorria com a sua clareza e elevação habituais, prendendo-nos todos à sua palavra.
Nisto, entretanto, o velho maníaco, conseguindo iludir a atenção do porteiro, entrou. No seu gesto habitual de repulsa, cruzou a aula, afastando sempre o imaginário vulto do espectro, que a cada passo lhe parecia embargar o caminho. Houve, porém, um momento em que a sua fisionomia revelou um horror tão profundo, tão medonho, tão pavoroso, que de um arranco as cinco epiléticas ergueram-se do banco, uivando de terror, uivando lugubremente como cães, e logo após atiraram-se por terra, babando, escabujando, entremordendo-se com as bocas brancas de espuma, enquanto os membros, em espasmos, agitavam-se furiosamente.
Foi de uma dificuldade extrema separar aquele grupo demoníaco, de que, sem tê-lo visto, ninguém poderá fazer uma idéia exata.
Só, entretanto, os idiotas, de olhos serenos, acompanhavam tudo, fitando sem expressão o que se passava diante deles.
Um companheiro, ao sairmos nesse dia do curso, contou-me a história do maníaco, chamado em todo o hospital o "soldado Jacob". A história era simplíssima.
Em 1870, por ocasião da guerra franco-prussiana, sucedera-lhe, em uma das pelejas em que entrara, rolar, gravemente ferido, no fundo de um barranco. Caiu sem sentidos, com as pernas dilaceradas e todo o corpo chagado da queda. Caiu, deitado de costas, de frente para o alto, sem poder mover-se. Ao voltar a si, viu, porém, que tinha sobre si um cadáver, que, pela pior das circunstâncias, estava deitado justamente sobre seu corpo, rosto a rosto, frente a frente.
Era a vinte metros ou mais abaixo do nível da estrada. O barranco constituía um extremo afunilado, do qual não havia meio de fugir. Não se podia afastar o defunto. Por força ele havia de descansar ali. Demais, o soldado Jacob, semimorto, não conservava senão o movimento dos braços e esse mesmo muito fraco. O corpo - uma chaga imensa - não lhe obedecia à vontade: jazia inerte.
Como deve ter sido medonha aquela irremissível situação!
Ao princípio, cobrando um pouco de esperança, ele procurou ver se o outro não estaria apenas desmaiado; e sacudiu-o vigorosamente - com o fraco vigor dos seus pobres braços tão feridos. Depois, cansado, não os podendo mais mover, tentou ainda novo esforço, mordendo o soldado caído em plena face. Sentiu, com uma repugnância de nojo sem nome, a carne fria e viscosa do morto - e ficou com a boca cheia de fios grossos da barba do defunto, que se haviam desprendido. Um pânico enorme gelou-lhe então o corpo, ao passo que uma náusea terrível revolvia-lhe o estômago..
Desde esse instante, foi um suplício que não se escreve - nem mesmo, seja qual for a capacidade da imaginação, - se chega a compreender bem! O morto parecia enlaçar-se a ele; parecia abafá-lo com o peso, esmagá-lo debaixo de si, com uma crueldade deliberada. Os olhos vítreos abriam-se sobre os seus olhos, arregalados em uma expressão sem nome. A boca assentava-se sobre a sua boca, num beijo fétido, asqueroso...
Para lutar, ele só tinha um recurso: estender os braços, suspendendo a alguma distância o defunto. Mas os membros cediam ao cansaço e vinham, aos poucos, descendo, descendo, até que de novo as duas caras se tocavam. E o horrível era a duração dessa descida, o tempo que os braços vinham vergando de manso, sem que ele, cada vez sentindo mais a aproximação, pudesse evitá-la! Os olhos do cadáver pareciam ter uma expressão de mofa. Na boca, via-se a língua empastada, entre coalhos negros de sangue, e a boca parecia ter um sorriso hediondo de ironia...
* * *
Quanto durou esta peleja? Poucas horas talvez, para quem as pudesse contar friamente, longe dali. Para ele, foram eternidades.
O cadáver teve, entretanto, tempo de começar a sua decomposição. Da boca, primeiro às gotas e depois em fio, começou a escorrer uma baba esquálida, um líquido infecto e sufocante que molhava a barba, a face e os olhos do soldado, deitado sempre, e cada vez mais forçosamente imóvel, não só pelas feridas, como também pelo terror, de instante em instante mais profundo.
Como o salvaram? Por acaso. A cova em que ele estava era sombria e profunda. Soldados que passavam, suspeitosos de que houvesse ao fundo algum rio, atiraram uma vasilha amarrada a uma corda. Ele sentiu o objeto, puxou-o repetidas vezes, dando sinal da sua presença, e foi salvo.
Nos primeiros dias, durante o tratamento das feridas, pôde contar o suplício horroroso por que passara. Depois, a lembrança persistente da cena encheu-lhe todo o cérebro. Vivia a afastar diante de si o cadáver recalcitrante, que procurava sempre abafá-lo de novo sob o seu peso asqueroso..
* * *
Anteontem, porém, ao entrar no hospital achei o soldado Jacob preso num leito, com a camisola de força, procurando em vão agitar-se, mas com os olhos mais acesos do que nunca - e mais que nunca com a fisionomia contorcida por um terror inonimado e louco.
Acabava de estrangular um velho guarda, apertando-o contra uma parede, com o seu gesto habitual de repulsa. Arrancaram-lhe a vítima das mãos assassinas, inteiramente inerte - morta sem que tivesse podido proferir uma só palavra.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Descançar...ai se eu pudesse!


– Olá! Como vai?

– Eu vou indo. E você, tudo bem?

– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... Evocê?

– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...Quem sabe?

– Quanto tempo!

– Pois é, quanto tempo!

– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!

– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!

– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!

– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?

– Quanto tempo!

– Pois é...quanto tempo!

– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira dasruas...

– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!

– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,rapidamente...

– Pra semana...

– O sinal...

– Eu procuro você...

– Vai abrir, vai abrir...

– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...

– Por favor, não esqueça, não esqueça...

– Adeus!

– Adeus!

– Adeus!

sábado, 16 de junho de 2007

Acalanto


Dorme minha pequena

Não vale a pena despertar

Eu vou sair

Por aí afora

Atrás da aurora

Mais serena

chico

Olê, olê, olê, olá

Não chore ainda não, que eu tenho um violão

E nós vamos cantar
Felicidade aqui pode passar e ouvir
E se ela for de samba há de querer ficar
Seu padre toca o sino que é pra todo mundo saber
Que a noite é criança, que o samba é menino
Que a dor é tão velha que pode morrer
...
Meu pinho, toca forte que é pra todo mundo acordar
Não fale da vida, nem fale da morte
Tem dó da menina, não deixa chorar
...
Luar, espere um pouco, que é pra o meu samba poder chegar
Eu sei que o violão está fraco, está rouco
Mas a minha voz não cansou de chamar
Olê, olê, olê, olá
Tem samba de sobra, ninguém quer sambar
Não há mais quem cante, nem há mais lugar
O sol chegou antes do samba chegar
Quem passa nem liga, já vai trabalhar
E você, minha amiga, já pode chorar

Chico

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Racionalismo...


Desista caso tenha vontade de entender-me. Não busque, se vier comigo conversar, uma resposta, eu certamente estaria fazendo a mesma coisa ao estabelecer contato contido. Se eu fosse uma pessoa só a todo momento, talvez minha vida seria melhor. Se eu fosse uma pessoa com uma vida melhor eu seria mais tranqüila e calma. Se eu fosse mais calma eu seria uma pedra. Certamente se eu fosse uma pedra e ficasse embaixo de uma árvore linda, que no outono soltasse folhas e no verão fizesse sombra eu seria feliz. Assim sendo, eu não preciso ser uma pessoa para ser feliz. Não preciso de uma vida melhor. Não quero ser mais tranqüila. Se eu fosse uma pedra eu teria que esperar até o dia que você resolvesse sair de sua casa para ir até a sua velha árvore, sentar na grama e usar-me como encosto para sua cabeça. Eu não poderia fazer nada caso você chorasse, caso você risse, ou pedisse a minha opinião...o quê?...porquê você acha estranho pedir opinião a uma pedra?...é isso que fazemos a todo momento, opiniões dos outros são dos outros e se você não liga a mínima para uma pedra que apóia a sua cabeça você não deve ligar para os outros, eu, a pedra, gostaria que você ficasse mais tempo comigo, se tudo o que planejou ocorrer bem daqui alguns minutos você se levantará e voltará para sua vida confusa, eu queria, já disse, que você ficasse mais perto de mim, mas não é por isso que eu desejarei que você tropece em mim e fique por alguns minutos perto. Eu só preciso que você me tire de baixo daquela árvore e coloque-me lá dentro, na casa que eu tanto conheço, perto de ti que eu tanto gosto...terá que fazer um esforço eu sei...mais se levar-me para perto de ti eu nunca sairei, ao menos que você diga: ADEUS PEDRA...e me jogue pela janela.

lg

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Fácil...

Cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto,
e eu reclamo quando tenho frio.
1 bilhão de analfabetos,
e eu tenho preguiça de consultar a gramática.
1,1 bilhão de pessoas vivem na pobreza, destas, 630 milhões são extremamente pobres, com renda per capta anual bem menor que 275 dólares;
reclamei quando não sobrou muito no fim do mês
1,5 bilhão de pessoas sem água potável;
tomei um banho de uma hora hoje
1 bilhão de pessoas passando fome;
E eu ligo pra minha família dizendo que não me acostumei com outros temperos
150 milhões de crianças subnutridas com menos de 5 anos (uma para cada três no mundo);
preciso emagrecer para mostrar aquele osso que as modelos exibem.
12,9 milhões de crianças morrem a cada ano antes dos seus 5 anos de vida;
meu sobrinho de 3 anos já diz que vai ser piloto.
No Brasil, os 10% mais ricos detêm quase toda a renda nacional,
mas a culpa é da instabilidade política.

E eu reclamo quando tenho frio.
Eu tenho preguiça de consultar a gramática.
E eu reclamo que não sobra muito no fim do mês.
Tomei um banho de uma hora hoje.
E eu ligo pra minha família dizendo que não me acostumei com outros temperos.
Preciso emagrecer para mostrar aquele osso que as modelos exibem.
Meu sobrinho de 3 anos já diz que vai ser piloto.
Mas é tudo culpa da instabilidade política.

lg

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Das antigas.


Vem...não vem...
Tem um grande prestígio emocional:
Vem toda cheia de alma e de abandono
Vem...vem pra não deixar mal.
Vem...não vem...
Passa um tempo e eu penso na flor...
Voa uma folha morta, e eu penso em mim.
Vem...não vem...
E essa frase ingênua esvoaça no ar...
Desfolhada como um malmequer.
Vem...não vem...vem...
A tarde desce a mão cansada de dizer adeus e você nada...
E continua a pobre prece:
Que seria de mim, se a flor não viesse?
lg

quinta-feira, 31 de maio de 2007

ao DESCONHECIDO.


Ao longo dos montes têm neve ao sol
Mas é suave e o frio é calmo
Que alisa e agudece
Os dardos do sol alto.

Hoje, pericárpio, não nos escondamos,
Nada nos falta,
porque nada somos.
Não esperamos nada.

E temos frio ao sol.
Mas tal como é, gozemos o momento,
Solenes na alegria levemente,
E aguardando o amor. . .

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Uma noite fria.


Foi ocupada a cadeira ao lado. Olhei. Tinha certeza que viria, disse que veio por mim, acreditei tanto que uma felicidade súbita percorreu-me. Veio por minha causa! Convidei para um chá, não recusou meu convite, pensei que recusaria, mesmo sabendo que seria difícil receber uma recusa dessa grandeza. Não por ter partido da minha pessoa o convite, mas, chá em uma noite fria não é nada recusável. Saímos então do teatro. Confesso que estava bem mais quente quando ocupava eu a cadeira da sala escura, mas fui surpreendida com um abraço tão reconfortante que se quer desejei voltar. Sorriu. Devolvi o abraço e depois o sorriso. Porém foi a última vez, nessa noite, que repeti o gesto amigável. Enfim chegamos. Tomamos o chá, conversamos sobre páginas e páginas em comum, nos despedimos. Fiquei saudosa do abraço. De tudo ficou aquele sentimento nebuloso. E aquela saudade, uma imensa saudade...
lg