domingo, 31 de agosto de 2008

.Jeca Tatu, símbolo do atraso e da miséria do caboclo brasileiro.

Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em companhia da mulher, muito magra e feia e de vários filhos pálidos e tristes.

Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de plantar um pé de couve atrás da casa. Perto um ribeirão, onde ele pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia vivendo.

Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis, nem roupas, nem nada que significasse comodidade. Um banquinho de três pernas, umas peneiras furadas, a espingardinha de carregar pela boca, muito ordinária, e só.

Todos que passavam por ali murmuravam:

Que grandíssimo preguiçoso!

Jeca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um feixinho que parecia brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso.

Por que não traz de uma vez um feixe grande? Perguntaram-lhe um dia. Jeca Tatu coçou a barbicha rala e respondeu:

Não vale a pena. Tudo para ele não valia a pena. Não vale a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar árvores de fruta, nem remendar a roupa.

Só valia a pena beber pinga.

"Jeca Tatu não é assim, ele está assim".

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

.Somos tentados a rir antes de discutir.

A arrogância da grande burguesia num encontro justamente chamado ‘Decola Brasil’, para apoiar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso, mostrou-se por inteiro: ali encontraram “fichas” de inscrições no PT em que candidatos a entrarem neste partido assim se qualificavam: gay, negro, nordestino, travesti, analfabeto, drogado, catador de lixo, etc.

Escancaradamente, a ficha ideológica que resulta dessas “qualidades” não é a dos que simuladamente entravam no PT, mas a própria burguesia brasileira: seu atraso cultural, seu preconceito, seu ódio ao povo.

Oliveira, Francisco., Pós-liberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. RJ: Paz e Terra; 1995.

.Grande Depressão.


A fotografia Migrant Mother, uma das fotos americanas mais famosas da década de 1930, mostrando Florence Owens Thompson, mãe de sete crianças, de 32 anos de idade, em Nipono, Califórnia, março de 1936, em busca de um emprego ou de ajuda social para sustentar sua família. Seu marido havia perdido seu emprego em 1931, e morrera no mesmo ano.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

.Releitura.


Calaram-se quando a conversa exigia de si apenas algumas boas palavras, realizada essa atitude, ninguém mais podia arriscar em que garganta se alojava o câncer. Não havia de esquecer o quão descuidado era abandonar as portar abertas e encher de areia a sala já sem afeição. Tinha medo de fazer da casa uma metáfora de si mesma, um lugar ao qual viessem passar veraneios e nem as janelas, por simpatia, poupassem abertas; que fechassem as portas para barrar o tempo a destruir os móveis, mas que as janelas ficassem abertas, apenas uma maneira de não se fechar por completo. Sufocava-lhe a idéia de seu rosto perder-se no tempo a cair em peles, como pingava as molduras cobertas pelo verde tecido. Insistia nas janelas abertas, pois alguém poderia querer observá-la para além de seu rosto, a senhora inteira se doía daquelas dores que não passam com elogios. E mesmo aqueles que se atrevessem a passar horas fitando-a não saberiam o que estava diante dos seus olhos, como ela mesma não a conhecia e como quem a fez não a conhecesse. A tarefa então era atribuída à consciência (seu interior subjetivo) e por não conseguir dominar a mesma, deixou cair uma lágrima.

LG

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

.Rosa é a flor da simpatia.



Por isso, sem preconceitos eu canto
Eu canto a fantasia
Eu canto o amor, eu canto a alegria
Eu canto a fé, eu canto a paz
Eu canto a sugestão
Eu canto na madrugada
Take it easy my brother Charlie
Pois eu canto até prá minha amada
Esperada, desejada, adorada.
Jorge Ben

domingo, 24 de agosto de 2008

.A natureza das coisas ama esconder-se.


O poder do Estado ocupa a nação abandona por Deus.


Antes que Deus o ajudasse, hoje, que as políticas publicas resolvam.


lg


.Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado.

Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado
A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
RR

E se da sacada não pendessem pessoas cheias de rotina e rancor por baixo dos olhos, quem sabe... LG

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

.Loucura.

Já não me surpreendo com detalhes sórdidos acerca de gênios. Que adjetivo mais posso usar para quem escreveu Em Busca do Tempo Perdido a não ser gênio? Todo o sadismo, toda a obsessão, ah, que fosse muito mais, eu nunca o julgaria. Graças que Proust teve aquela mãe sádica e cuspiu na fotografia dela, graças que se vestia como um bêbado, graças que implorava, mendigava, objetos e fotografias de fetiches, em prazeres bissexuais, louco a caçar afeições num papel. Ou nunca teríamos Em Busca do Tempo Perdido, No Caminho de Swann, À Sombra das Raparigas em Flor, e outros, muitos outros, que um contínuo de escritório, pagador de impostos, frequentador de missas, virtuoso cidadão e respeitador da mãe nunca escreveria.

Aquele que me ensinou a amar Proust, Kafka e Balzac entre as inumeráveis conversas sobre Kant, Hegel e Marx.

Uma obra em que há teorias é como um objecto no qual se deixa a etiqueta do preço.
Proust

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

.Margaret.



Eu
tenho
vergonha pela
baronesa
Thatcher.
Muita
VERGONHA!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

.Aliviada.


A sua simplicidade sondava o que as pessoas inteligentes falsificavam.

.Liberdade 'de que' e 'em que'?

Mas, entretanto, todavia e contudo, o sol nasce novamente esplêndido, convidando aqueles que atrevem-se a ficar minutos mais na cama para o inicio do dia. Horas passadas me indagaram, ao despertar, que deve ser impossível para qualquer ser humano, quando se espreguiça, não pensar em liberdade.

Bom, construindo esse caminho, alegando que hipoteticamente todos pensam em ser mais livres ao despertar, em um futuro próximo esse ‘todo’ viraria o tabuleiro contra os poucos que os aprisionam. Porem é só prestar mais um pouquinho de atenção para concluir que ‘nem todos pensam em liberdade ao despertar’, porque nem todos desfrutam de tempo suficiente para pensar (em qualquer coisa) mesmo que essas sejam futilidades. O sol trás consigo as rotinas já demarcadas, com poucos minutos de folga e muito trabalho pra frente.

Vendo por esses óculos a liberdade fica para uma cúpula ínfima, e, essa aprende com esse ideal elitizado a, transfigurar o valor concreto do ‘ser livre’ para dar lugar a ‘ser o melhor’. Vivemos em um mundo de melhores, um lugar onde os indivíduos são por demais despregados de todas as noções de comunidade. Vivemos vislumbrando tudo que podemos conquistar sem ter meios para chegar a esse fim. Vivemos em uma lógica mais de cabrestos do que de asas e alguns precisam de nós para dar corpo à sociedade e lucro aos dirigentes.

Sonhamos com a liberdade. Sonhamos para os outros já que esses se impossibilitam de fazê-lo. Talvez por precisar sonhar tanto (nós cientistas) dormimos muito e se esperam (de nós) conquistas que vão além dos travesseiros. Talvez em outra época, não abandonada pelos seus pensadores, os cientistas aprendam a não ficar apenas nas teorias e possam, com isso, ajudar aqueles que depositam toda sua confiança na sabedoria e na ciência.

lg

terça-feira, 19 de agosto de 2008

.Para quem fica, que fique bem!.


A morte é quando um nó se aloja na nossa garganta.
lg

Depois de um vôo através da luz do sol, as asas de um pássaro se dobram silenciosamente. [...]
Amarga e preta, a meio caminho para baixo, na escuridão, no poço que ia da luz do sol às profundezas, talvez uma lágrima se formou; uma lágrima caiu; as águas oscilavam para cá e para lá, receberam e ficaram de repouso. Nunca ninguém pareceu tão triste.

Sabia sem ter aprendido o quando doi a perda.

.Eu sou minha própria lei.

Disse outrora a uma amiga que o indivíduo deveria recorrer a outros meios, não somente ao ouvido dos próximos, para despejar suas produções, lamentações, desespero e o que quer que seja. Ainda depois de anos defendo essa iniciativa. O blog é, portanto, um meio de disseminar nossas produções às figuras alheias, que fogem do nosso convívio social e tanto as produções, quanto as figuras, passado um tempo, tornam-se tão dependentes de nós quanto nós delas.

Acontece de surgir esse assunto justamente por pensar que algumas pessoas periodicamente lerão o que aqui se encontra. Não é prepotência. Nem um ensaio da mesma. Apenas retribuição aos olhos que perdem-se nessa página. Uma maneira de dizer a não sei quem: muito obrigada por me fazerem escrever. Um agradecimento tolo, pois quem será o primeiro beneficiado, dessas palavras combinadas, não pode ser ninguém mais do que seu próprio autor.

Contudo, nunca gostei da idéia de produzir algo que ficasse nas gavetas, claro que existem alguns textos que ainda não podem bater asas, pois deve-se angariar vasto conhecimento teórico antes de dispô-los, mas garanto a mim que lançá-los-ei ao coletivo quando puder. Enfim. Agradecimentos a mim, ao meu blog e como não posso agradecer a mim novamente, agradeço a todos aqueles que sabem ler e tem bom gosto.

lg

.Nunca ninguém pareceu tão triste.


E mesmo se amanhã o tempo não estiver bom, será outro dia.
Virginia Woolf

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

.Végtelenül Büntess Meg.


Estou fazendo a mala,
vou viajar.
Para budapeste.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

.Não espereis demasiado o fim do mundo...

Temos diversos e curiosos relógios, e outros que desenvolvem movimentos alternativos...E temos também Casas de ludibriar os sentidos, com as quais realizamos toda espécie de manipulações, falsas aparições, ilusões e imposturas... Tais são, meu filho, as riquezas da Casa de Salomão.
(Francis Bacon, New Atlantis, Ed. Rawley, London, 1627. PP. 41-42.)

Afirmava ter visto no dia anterior cinqüenta e quatro irmãos da mesma ordem serem conduzidos à fogueira, porque não haviam querido confessar os supraditos erros, e que havia ouvido dizer que tinham sido queimados, e que ele próprio, temendo não oferecer boa resistência se fosse condenado à fogueira, havia confessado, por temor da morte, na presença dos senhores comissários e de não importa quem mais, se fosse interrogado, que todos os erros imputados à ordem eram verdadeiros e que ele, se lhe fosse perguntado, teria também confessado ter sabido que era morto esse senhor que todos reviviam.


lg


terça-feira, 12 de agosto de 2008

.Passei a olhar enviesado.

Eu não saberia introduzir aquele artigo senão com aquelas palavras. Fechei os olhos, achei que poderia adivinhar a frase seguinte, e lá estava ela, tal qual. Cobri o texto com as mãos e fui removendo os dedos a cada milímetro, fui abrindo as palavras letra a letra como jogador de pôquer filando as cartas, e eram precisamente as palavras que eu esperava. Então tentei as palavras mais inesperadas, neologismos, arcaísmos, um puta que o pariu sem mais nem menos, metáforas geniais que me ocorriam de improviso, e o que mais eu concebesse já se achava ali impresso sob minhas mãos. Era aflitivo, era como ter um interlocutor que não parasse de tirar palavras da minha boca, era uma agonia. Era ter um plágio que me antecedesse, ter um espião dentro do crânio, um vazamento na imaginação.
Chico Buarque

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Falta comida, escola, saúde, informação,...

Isso é a fome!

Em 1999-2000, 2,8 bilhões de pessoas viviam com menos de dois dólares por dia, 840 milhões estavam subnutridos, 2,4 bilhões não tinham acesso a nenhuma forma aprimorada de serviço de saneamento, e uma em cada seis crianças em idade de frequentar a escola primária não estava na escola. Monthly Review, Janeiro 2004, p.21.

O que é prioridade pra nós?

domingo, 10 de agosto de 2008

Educação Libertária

Educação é estratégia para o desenvolvimento? Democratização de acesso onde? Integração a que: a sociedade do mercado?

Dizem que o querer e o agir não devem ficar apagados frente ao pensar.
Criaram uma maneira de desvincular esse intricamento?
Devemos em uma esteira de produção apertar os parafusos do intelecto, ou quem sabe, jogá-los fora? Muita gente não os usa para nada...“que a realidade exterior irrompa nas salas de aula e que a educação impregne toda a sociedade”.

lg
ob cit: Educação Libertária

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Minhas queridinhas,

Quanto à Califórnia. Coisa inteiramente inesperada, que me fez muito bem. Eu não andava dormindo bem, mas com a mudança de clima passei a dormir. Andamos uma semana no meio de milionários, hóspedes de um clube gran-fino, onde só os sócios têm direito de se hospedar e... pagar. O clube é cheio de “cabanas” gran-finas; a nossa, abrindo a porta, e descendo uns degraus, dava para uma praiazinha, onde tomei um banho no Pacífico... O clima de San Diego é inacreditavelmente bom, quente e seco, e leve. Los Angeles é quente demais. San Diego é uma beleza. Mas lamento dizer que Los Angeles e Hollywood se parecem demais com Miami. As mesmas casas baixas, o mesmo ar meio devastado e meio bagunça, sem graça. Naturalmente tem ruas de casas lindas. Mas não era como eu pensava. Não se vê muita gente nas ruas, e não vi nas ruas gente elegante, como a gente pensa que por ali devem existir aos montes. Almoçamos com George Murphy (lembram? Um dançarino, meio chatinho, que agora tem 55 anos, e não é mais ator, trabalha na Metro como “executive”), e é muito simpático para conversar. Nesse almoço estavam, entre outros importantes que não conheço, Ann Miller que é bem simpática, ao contrário do que eu pensava; miss Suécia do ano passado, tentando cinema; ela é tão incrivelmente linda, com um corpo tão espetacular, que o pessoal brasileiro presente apelidou-a de “a que não existe”; estava também a miss América, que foi miss Universo, em 1953, se não me engano. Essa, por Deus, apenas muito bonitinha e suave, ninguém imaginaria, conhecendo-a, que mereceria prêmio; passa quase desapercebida. Depois do almoço, que “aconteceu” no Beverly Hills Hotel, fomos aos estúdios da Metro, onde vimos... Danny Kaye ser filmado, e onde apertamo-lhes a mão. Ele é uma uva, tão atraente como no cinema. (que digo! Muito mais ainda), e muito engraçado e inteligente. Vimos também Peter Lawford ser filmado, bonito e chato. Por mais que eu soubesse como era feita a filmagem, fiquei desiludida. A coisa é feita entre chateações e repetições, exige uma paciência canina dos atores, e é feita por assim dizer sem o menor entusiasmo por parte deles. Tem um ar de pura rotina. Pelo menos o que eu vi. Nos estúdios há ruas inteiras de cenário para cowboy, numa rua está simplesmente a casa de “O Vento Levou”, numa outra a piscina que foi construída para Esther Williams. Vimos o cenário para “Os Irmãos Karamazov”, (lindo, exato, com neve falsa, árvores de matéria plástica tão perfeitas que só faltam dar fruto, rochas de matéria plástica, mas a pessoa só falta sentir frio lá, de tão cuidado), mas, para a minha profunda mágoa, Yul Brinner, astro do filme, estava nesse dia filmando fora do estúdio. Quando fomos entrando no estúdio, ao portão, havia as garotas que passam horas ali na esperança de um artista entrar para dar autógrafo. Quando saltamos do carro, elas correram para mim e me pediram autógrafo... (é que o carro era de luxo). Disse-lhes com gentileza que eu era “nobody” e que guardassem o livrinho para outra pessoa. Devo dizer a vocês que, nessa semana da Califórnia, com almoços e jantares tipo banquete, diariamente, eu estava sempre muito bem, em matéria de roupa. Antes de tomar o avião de volta para Washington, fomos tomar um drinque com... Conrad Hilton. Acho até graça em tanta riqueza. Foi a casa mais rica e maior que já vi. Os portões, se alguém tentar atravessá-los sem ter sido “chamado”, eletrocutam a pessoa... O Hilton não me agradou, e eu gostaria de ter aquela casa – pois assim a venderia e ficaria com o dinheiro, pois é antipática, com livros comprados a metro. Ele disse com muito orgulho que comprou a casa tal qual estava, com a mobília e a decoração igualzinha (nem a vaidade de fazer a casa a gosto dele, ele tem, naturalmente porque não tem gosto dele). Bem, saindo de lá nós íamos jantar rapidamente no aeroporto, mas um brasileiro de Los Angeles achou que bem podíamos jantar bem depressa no Beverly Hilton Hotel, onde ele conhecia o “maitre d’hotel” que apressaria tudo. Este, ao saber que tínhamos que pegar o avião, disse: deixe então o menu por minha conta. Éramos oito pessoas na mesa, e tudo correu mesmo rápido e perfeito: um peixe muito bom, um filé, café e um sorvetezinho; em quinze ou vinte minutos tínhamos engolido tudo. Então veio a conta: cento e seis dólares... A surpresa foi enorme. O embaixador ainda deixou quinze dólares de gorjeta. Então o secretário particular do embaixador disse: estamos pagando aqui ao Conrad Hilton o drinquezinho que ele nos ofereceu na casa dele. Quase perdemos o avião, mas o dinheiro não fui eu que perdi. Então demos um pulinho ao... México, cuja fronteira fica a meia hora. É uma cidadezinha que não tem valor como representante do México, feita apenas para turista, nada interessante, tem-se a impressão de estar em terra de ninguém. Ficamos lá menos de uma hora, e voltamos. Mas deu tempo de eu comprar um cinto de cobre, fico parecendo cavalo em parada ou circo. Há cerca de duas horas estou escrevendo. Na próxima carta escreverei sobre as crianças, sobre o “camping” de Pedrinho, gracinhas dos dois. A Clarissa está esperando criança. Mais novidades eu me lembrarei aos pouco e escreverei na próxima. Com amor. Clarice.

.Semana interativa.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

.Aconteceu né senhor Kassab.

Em recente visita a um albergue para moradores de rua, logo após a divulgação do Datafolha que o mostrou estacionado no terceiro lugar, Gilberto Kassab (DEM) foi interpelado por um dos usuários do local.
- Quero dizer uma coisa na frente das câmeras!
O prefeito olhou prontamente para a câmera, que captava imagens para seu programa eleitoral, à espera de um comentário simpático do homem, que disse na lata:
- O sr. tem um real?
Desconcertado, Kassab explicou que estava sem a carteira naquele momento, ouvindo como resposta:
- Está pior que eu, hein?

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

.Pode ler, é divertido.

Nenhuma autoridade pode prevenir que um maluco pegue o carro e o jogue contra um grupo de pessoas, fazendo um strike humano, como aconteceu na China nesta segunda-feira. Mas, no que depender de informação e planejamento, os chineses estão tentando de tudo para evitar vexames durante a Olimpíada. E o que não faltam são determinações do governo a respeito de etiqueta, comportamento e até moda.
Para os homens, foi sugerido que evitem circular de pijama pelas ruas de Pequim, hábito arraigado entre os chineses -aliás, comum também em alguns subúrbios do Rio até os anos 1950. E não adianta que sejam pijamas de alamares, estampados de dragões, e que o cidadão esteja de cueca por baixo. A medida foi tomada não por anti-higiênica, mas por antiestética.
Certas recomendações são até poéticas: "o cabelo do homem não deve cobrir as sobrancelhas, nem tocar o colarinho"; "pessoas gordas devem evitar roupas com listras horizontais"; e "ambos os sexos devem comer alho com moderação". São normas razoáveis, que até eu pretendo seguir, principalmente a primeira.
Os chineses são disciplinados e adoram cumprir ordens, mas tudo tem um limite. Os éditos proibindo cuspir na rua, por exemplo, continuam inúteis -ninguém segue. Já os protestos em praça pública podem ser feitos, desde que com tema, dia, hora, local e responsável aprovados pela polícia.
Mais importante: o governo está escondendo, com muros e painéis, as partes de Pequim que considera "feias", tipo cortiços ou zonas de baixo comércio. O desfavorecido abre a janela pela manhã e descobre que está sendo emparedado por operários com proteção armada. A Pequim olímpica, que deseja impressionar o mundo, fica do outro lado do muro e não quer saber de estrangeiros fazendo tsk, tsk.
Artigo - Ruy Castro Folha de S. Paulo

.De onde vem as maiores ditaduras se não das maiores democracias.

Para compartilhar um fato. Ouvi esses dias que o “espírito religioso”, que eu não sei o que compreende ao certo, bebeu de várias fontes para conseguir ainda nos dias de hoje ocupar uma parcela significativa da sociedade com seu ideal. Advindo da era dos Reis, passou pelo feudalismo, enfrentou o mercantilismo e segundo o orador tem traços fortes do iluminismo. Assim não dá né colega, não misture as coisas. Impossível conter o riso, o iluminismo meu caro implantou a razão e o experimento por isso tem como ilustração o chamado “século das luzes”, e isso você aprende na escola. Assim, quando o homem colocou o próprio homem no centro do universo e mandou para um baú o valor emocional frente ao racional o espírito morreu para a ciência. Uma grande falha sua ao tentar atrelar espírito religioso ao caráter científico.

lg

terça-feira, 5 de agosto de 2008

.Veja as cores que quiser ver.


Às vezes as idéias não saem facilmente, é preciso cortejá-las e dispor do tempo para fazê-las florescer.

Ensaiarei uma defesa ilustrada a figura mitológica do centauro. Pois bem, para breve explicação digo que: só com a massa cefálica a parte homem não conseguiria galopar em todos os campos com a agilidade necessária que a parte cavalo executa. Não pense que discutiremos aqui mitologia, caro leitor, apenas faço uso do mito, pois acredito que uma idéia quando bem convincente, a ponto de fazer do científico, algo sensitivo e artístico, não pode ser deixada de lado.

O conhecimento deve ser distribuído para que: não só canonize seus frutos na capacidade científica, mas que esse seja aproveitado para gerar frases conduzidas pela emoção e contribua na inspiração e no aumento da informação ousada-qualificada. A ciência deve evoluir a ponto de ser sentida com fervor, como faz as pessoas apaixonadas com o que trabalham. A ciência deve chegar às camadas mais frágeis da cultural brasileira, deve fazer rir ou chorar, mas o principal e o que eu busco, é que a ciência seja compreendida.

Pautado na discussão audaciosa de alguns pré-cientistas, que não esperam fechar as janelas de seus gabinetes, impedidos pela consciência e desgosto, caso descumprisse o compromisso social, pode nascer (em respeito à sociedade de pouca polidez vocabular) uma adaptação louvável dos discursos científicos. Uma linguagem e uma terminologia mais acessível das coisas que todos deveriam conhecer.

E assim, de idéias primárias e vontades afloradas, procura-se dar lugar para o inédito. Que ainda encontra-se em sua gênese. Eis que nunca se chega a um projeto quem se quer traçou as primeiras linhas. Evidencia também que quem pega em uma pena com brutalidade se quer desejou que suas letras voassem com o pensamento. Porque não dar valor ao artístico?

O livro do sociólogo deve ser o livro da sociedade e não apenas da corja letrada que as vezes pouco se importa com mais um volume em seu acervo. Artigos científicos e crônicas sociais deveriam compor um mix, para um corpo e duas análises, em igual teor informativo, um em linguagem cientifica outro em linguagem artística. À vista disso espera-se quebrar com todos os abusos profissionais na maneira como se faz e se restringe a ciência.

Nesse caso, devo dar a palavra a CROMWELL que ao longo do parlamento em setembro de 1650, após a batalha de Dunbar disse sabiamente: “havendo uma profissão que a muitos faça pobres para tornar ricos uns poucos, ela não presta para a comunidade”. O mesmo deve ser atribuído a ciência que não deve significar uma cisão entre mais ou menos favorecidos por meio do conhecimento.

lg

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

.Passou o tempo de forma singular.

Acordar pela manhã sempre garante ao dia um parecer amplo, daqueles que nasce com o sol e deita a hora que aprouver. Escapar do coloquial deveria ser obrigatório a qualquer ser, mesmo que para isso devesse mover os mais difíceis grilhões que o cercam. De amarras apertadas já nos fartamos, mesmo assim a vida humana insiste em se fechar em casulos e dar os punhos as algemas.

Perdi tempo esses dias com coisas que no momento me parecem inúteis. Perdi tempo! Hoje, como muitas pessoas, estou em um bolo que gostaria de voltar a traz por alguma coisa, precisei outrora de mais tempo pra mim e não o tinha. Quem sabe o tempo ainda prepare outras oportunidades, ou mesmo me ensine alguma outra lição. Entretanto existe um erro. Esperar do tempo tira do sujeito toda arbitrariedade, como esperar de algum ser onipotente também nos deixa inerte. Sabe uma coisa? Eu não espero nada do tempo! A única coisa que espero é aprender as lições com a vida de uma maneira não muito dolorosa.

Depois de aprender com a vida, certamente vou catalogar ao tempo as tarefas que ele terá que cumprir e organizá-las como se fosse um formulário (para não esquecer nenhuma). Assim, quando pudermos adiantar ao tempo nossos roteiros, antes que o mesmo decida para qual lado vai nos mandar, estaremos como senhor de nós mesmos. E se caso algo nos escapar, quando surgirem às situações inesperadas, não haveremos de nos preocupar, pois o tempo é nosso servo.

E independente da estação, das flores no caminho ou dos ventos de outono, o ser humano nunca deve se entregar, pois não importa em que eixo ele esteja contido e qual a fase que esteja passando, importa que saiba a hora e a maneira exata para se retirar sem conseqüências irreversíveis. E com isso, caso o homem soubesse quão grande é a sua liberdade e quão belo é o tempo (quando não se espera nada dele) aprenderia a: não criar senhores para se submeter, seja esse um Estado ou um Deus, ou qualquer outro sujeito que a mente humana dotou de poderes que ela própria não conseguiu superar.

lg

domingo, 3 de agosto de 2008

A ética protestante e o "espírito" do capitalismo .

Feito aquele capitão de mar que “por ganância estava disposto a varar o inferno, mesmo que dali saísse com as velas em chamas”

Max Weber
Imagem: Winnie Colvin

sábado, 2 de agosto de 2008

.Pré requisito, ter assistido o começo do CRIANÇA ESPERANÇA.

Quando descobri na programação da TV aberta que passaria a campanha da UNESCO até cogitei a possibilidade de assistir. A primeira resistência foi pelo apresentador, Renato Aragão, pois o mesmo é dotado do humor mais sem graça da atualidade e ainda insiste em usar uma roupa branca de paquito.

Tentei assistir a esperança da criança, todavia depois que a Marrom e o atropelador de pessoas (Alexandre Pires) começou a dublar ficou impossível. Como se não bastasse colocaram o trio elétrico mais insuportável para dublar também (chiclete com banana que só trabalha no verão). Com esse elenco parece que a conta da UNESCO não ficará muito gorda. Esperança telespectadores. Esperança!

Dando continuação entrou a velhinha numero 1 depois da morte de Derci...a repórter por um dia, Xuxa. Sem problemas pessoais com a Xuxa, existem até boas ressalvas, na idade dela a platéia ainda gritava “lindaaa”, mas ficaram afoitos quando a Rainha se recolheu, nem cantou, recolheu-se do palco. Da mesma maneira que recolheram, aquela vez, os filmezinhos proibidos com a maior agilidade.

Pedro Cardoso chamou o “GRUPRU”, programa ao vivo dá nisso, nem a poderosa GLOBO faz direito. Falando em direito os garis continuam passando no vestibular da Estácio de Sá para direito, que também não vem ao caso. Agora apareceu Grazi SuperFERA ela é bonita então vai ficar sem observações, o vestido também era muito bonito, mas o sotaque. Ai Ai. Skank Dublando. R$ 5.817.421,45.

Com vocês Cazé, mas não é o carequinha da MTV é a Regina Doida, aquela gordinha peituda. Gente boa ela. Cantou uma música (ofegante) junto daqueles que estavam presos esses dias por não dar pensão alimentícia (Exaltassamba)...ah, dublaram!

Enfim, não cometi tantos pecados assim, dois blocos já está bom. Sorte para as crianças e ESPERANÇA para que esse programa arrecade algo. Já teve edições melhores!

lg

.Menos tempo para pensar, cura!


Onde estão teus pensadores? Teus intelectuais? Os jovens sonhadores que mudam o mundo? Por onde andam teus artistas? E o teatro, a dança o folclore? Pelo menos um jornal... Uma cidade sem poetas, sem serestas nem coral! Assim não há alma que agüente; tudo se embrutece.

Habacuck

"Houve um dia em que oferecer uma dose de licor depois do jantar era de bom-tom. Hoje é crime de trânsito."
Briguet

.Assunto de gente grande.

Gastarei meu tempo falando de uma coisa que não me urge, mas me incomoda. Totalidade. Isso mesmo, o ato de tentar compreender um assunto macro e pior que isso, explicá-lo. Tem indivíduos que deveriam ser engolidos por um buraco negro quando se arrisca a discursar.

Existem pessoas que, quando abrem a boca para discutir um assunto de âmbito maior ao qual deveria se atrever, passa por muitas etapas. Para explicar o que deveria ter explicado antes de rodar e dar voltas no seu próprio pensamento, que tão pouco se explica como ainda ajuda a gerar mais confusão, indivíduos levam horas e várias goladas nessa tentativa.

A produção de alguns cientista-zinhos é altamente dependente de certos combustíveis, pra não falar estimulante que pega mal, para fermentar hipóteses e teses. E depois de alguns goles a Totalidade já foi esquecida e discute-se outros temas.

Para atender essa demanda os bares dos pseudo-intelectuais de esquerda vão ampliando seus espaços e enriquecendo com a ajuda da elite intelectual. Banhados ao som de boa música, Jazz, Blues, a Velha Guarda e Janis Joplin (para ser mais específica “Mercedes Benz”), dentre outros que tocam na vitrola (porque vinil dá mais status) e música eletrônica é coisa de Boy.

Boy é um termo pejorativo quando usado no meio da galera vermelha militante ou não. Na verdade a galera vermelha marxista quase nunca é militante salvo poucas exceções, o resto passa o dia lendo Rosa Luxemburgo e depois vão ao caixa eletrônico mais perto buscar o dinheiro que o papai mandou. Grande militância.

Desperdício intelectual e mau proveito do dinheiro público. Enquanto a população busca resposta para compreender a sociedade conturbada, os competentes para realizar a mesma exilam-se em suas bolhas utópicas. Desculpem. Isso foi um mero desabafo visto com olhos de cidadã e não de pertencente ao grupo da conspiração sistêmica.

lg