quarta-feira, 31 de março de 2010

Por que me negas permanência?

Que te demores, que me persigas

Como alguns perseguem as tulipas

Para prover o esquecimento de si.

Que te demores

Cobrindo-me de sumos e de tintas

Na minha noite de fomes.

Reflete-me. Sou teu destino e poente.

Dorme.


HILST, H. Do Desejo. SP: Globo, 2004. (p.38)



Tudo apenas murmura e parece andar na ponta dos pés.


Quando não encontro nem o prazer nem a dor, nem um, nem outro e respiro a morna mediocridade dos dias chamados bons, sinto-me tão dolorido e miserável em minha alma infantil.



HESSE, H. O lobo da estepe. RJ: Record, 2007. (p.37)


terça-feira, 30 de março de 2010

.Hilda-Hilst-Hermann-Hesse.

Trabalhara algumas horas a compulsar velhos livros e sentira dores durante duas horas seguidas, como os velhos costumam sentir; engolira uns pós e me alegrara porque as dores se haviam deixado enganar, metera-me num banho quente e absorvera o agradável calor; recebera três vezes o correio e correra a vista pelas cartas e os impressos sem importância. Afinal de contas, não fora a bem dizer um dia encantador, nem brilhante, nem feliz, nem plácido, mas tão-somente um desses dias como costumam ser os normais de minha vida: moderadamente agradáveis.


HESSE, H. O lobo da estepe. RJ: Record, 2007. (p.35)