quarta-feira, 29 de maio de 2013

.Fica à espera, de tocaia. Talvez um dia a casa caia, e fique tudo ao rés-do-chão.



como se fosse lógico

.como se ouvisse música.



Arranca o couro cabeludo, arranca caspa, arranca tudo, deixa entrar sol nesse porão. Em qualquer dia por acaso, desfaz-se o nó, rompe-se o vaso e surge a luz da inspiração. Deixa seus anjos e demônios, tudo está mesmo é nos neurônios, num jeito interno de pressão. Talvez se possa, como ajuda, ter uma amante manteúda, ou um animal de estimação. Pega a palavra, pega e come. Não interessa se algum nome, possa te dar indigestão.

.como se fosse máquina.

Não posso ficar nessa de esperar, nem posso ficar nessa de querer. Sai de cima, deixa disso de promessa, não me prende aqui que eu tô com pressa.

.como se fosse a última.



A inspiração vem de onde? Pergunta para mim alguém. Repondo talvez de longe. De avião barco ou bonde? Vem com meu bem de Belém, vem com você neste trem. Das entrelinhas de um livro. Da morte de um ser vivo. Das veias de um coração. Vem de um gesto preciso. Vem de um amor vem do riso. Vem por alguma razão. Vem pela transpiração. A inspiração vem de onde? De onde? Vem pela transpiração.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

.Era isso.

Me ocorreu que voltar à cidade dos pais era a melhor saída pra tudo. Não devemos nos esquivar das facilidades que a vida oferece. Era isso, tudo que eu sabia fazer. Aceitaria a proposta do pai, de uma casa só minha, mesmo que pequena. Moraria ali ao lado da irmã e na rua do pai. Poderia dar certo? Traria todas minhas coisas e tentaria assegurar minha identidade. Identidade, assim como se constrói, também se perde? Isso não seria agradável. Mas o resto seria. 
LG

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Largou família, bebeu veneno. E vai morrer de rir!

E agora que o pc pifou? Que a tese sumiu? Que a dissertação apagou? Vai fazer o que sem material para entregar? Vai prorrogar! Pedir arrego, chamar o diretor da capes, pedir mais bolsa. Chorar, dramatizar, falar que o tio morreu, matar outro parente, se esse não convencer. Vai ficar sem qualificar, fazer a alegria de um par de gente por ai. Desqualificada! Por que entrou nisso? Pra que? Dá uma angustia pensar, buscar justificativa. Ganhar mais? Arrumar emprego mais rápido? Queria o título? Não tinha nada melhor pra fazer? E por tudo isso agora precisa de 300 páginas, precisa reinventar a roda, falar um monte de coisa que já foi dito, com ar de inovação. Vai representar na frente de um monte de gente de cara feia, o papel de analista "em desenvolvimento", vão falar da ABNT, depois daquele autor que você repete muito, depois falarão que está no caminho, que é aquilo mesmo, blábláblá. Você faz cara de tudo ótimo, comentários ótimos, banca indispensável, quando na verdade, tá, nem precisava. Mas agora que o pc pifou e a dissertação apagou, não precisa mais. Acabou. Liberdade, sem mais.

LG

segunda-feira, 13 de maio de 2013

.Depois de medicada, retirou-se pro seu lar, ai a notícia carece de exatidão.



Um dia a festa acabou. Visivelmente enfastiada, a doutora mudou sua atitude, impostou a voz e disse que reavaliara o meu caso. Em seguida, rabiscou anotações, remexeu gavetas, iniciou o computador, consultou dados, pediu licença, deu um longo telefonema, disse ao interlocutor o que devia e o que eu não queria. Foi isso. E fim de papo. Desligou o celular em câmara lenta, voltou-se, olhou redondo através das lentes de contato e me enquadrou.

Carlos Trigueiro