domingo, 30 de maio de 2010

.Eles todos, na fúria, tão animosamente.


Menos eu! Arrepele que não prestava para tramandar uma ordem, gritar um conselho. Nem cochichar comigo pude. Boca se encheu de cuspes.

.When you try your best.


- Que você em sua vida toda toda por diante, tem de ficar para mim, Riobaldo, pegado em mim, sempre!... - que era como se Diadorim estivesse dizendo.

.Lights will guide you home.

O calor do dia abrandava. Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a água de todos os rios em seus lugares ensombrados. Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, muita velhice, querendo me contar coisas que a idéia da gente não dá para se entender - e acho que é por isso que a gente morre. De Diadorim ter vindo, e ficar esbarrado ali, esperando meu acordar e me vendo meu dormir, era engraçado, era para se dar a feliz risada. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento, feito um decreto.

Rosa



terça-feira, 18 de maio de 2010

.A gente só sabe bem aquilo que não entende.

Reconhecera que eram expressivas aquelas marcas, e quem diria o contrário? Ah menino, quando disse que a disparidade graça por toda sociedade, não me deu ouvidos. Sabendo fato, durante horas a desvendar verdades, a teoria se mostra apática, amarelada, muito pouco de vivência. No limiar de todo aquele processo, das pequeninas mãos sujas, das grandes dores em corações miúdos, sabendo disso, há de se fazer o que? Houve uma estória, daquelas que se registram sem querer, dentre tantas outras, que passará dias em claro. Uma menina, imagine uma pequena menina, então façamos uso de “uma criança”, disse-me: então, em meio a uma festa, quando ia conhecer meu pai, ele se afastou e vi apenas seu braço. Ah leitor, isso não se escuta caso você não vá buscar. Isso não se despreza, caso você foi o confidente. Então ouvi com despreparo total, e fiz sair palavras fracas, poucas, sem muita dimensão frente ao problema. Mas o que há de fazer, pergunto-lhes novamente? Se meu aprimoramento nas belas teorias e seus livros cheirando intelectuais me afastaram, de um todo, dessa gente, para quem falamos escrever, pensamos mudar, buscamos saídas e nada se conhece. Como mudar o desconhecido? Um tatear o escuro. Um mergulhar na caverna. O que dizer a pequenos olhos marcados, desde tão cedo, pelo abandono. E surgirão as críticas, não se faz mudança amparada em casos isolados, não se transforma nada partindo do indivíduo. E quem sofre nobre senhores? É a coletividade, a classe, os menos favorecidos, o estamento inferior, quem sofre? Se não estiverem inseridos, enquanto um, eles não se bastam? Se os homens não se bastam nas suas dores, angústias, desesperos, juntando-se, movidos por um ideal, eles transformam? Quem frente a problemas pensa em coletividade, meus caros? Quem ante as suas necessidades vai buscar alguém para compadecer do mesmo caso? E como responder a essas pessoas, com esclarecimento, o que se deve fazer? Não só vi o braço do meu pai como já subi em suas costas, brinquei com seu nariz, estralei seu dedo, como me identificar com aquela criança e ainda ter palavras? E quando o intelectual se deparou com o objeto e faltou teorias, a criança disse: mas, tudo bem professora, qualquer dia eu vejo ele todo, mesmo assim vou desenhar ele aqui na folha do jeito que eu penso que ele é. Uma bela tarde de emudecimento da teoria, de vergonha da realidade esquecida e de aprendizado das dores alheias. Fiz menos por não ter ficado e lido minha carga diária de palavras enfeitadas? Não sei.

LG