segunda-feira, 31 de outubro de 2011

..eu não sou daqui, eu não tenho nada, quero ver Irene rir, quero ver Irene dar sua risada.

Verdade é que não desejava intimidade, desejava conversa. A intimidade é um dos caminhos para o silêncio, e mrs. Crowe abominava o silêncio. Era preciso haver conversa, e que esta fosse geral e que abarcasse tudo. Não devia ser profunda demais nem inteligente demais, pois se progredisse muito nessas direções alguém certamente se sentiria de fora, e ficaria sentado ali, balançando a xícara de chá, sem dizer nada.

Virgínia Woolf

.Ser irmã mais nova é ter um ídolo desde pequena.

Sabe aquela velha frase: “família a gente não escolhe”, então, isso é uma verdade, e ainda bem que é verdade. Sabe por quê? O ser humano é tão burro que poderia escolher errado. Veja meu caso, eu não escolhi a irmã que tenho e se fosse possível escolher, se eu pudesse montar uma irmã do jeito que eu gostaria, mesmo assim, não sairia você. Você é muito mais completa do que eu poderia imaginar, do que eu poderia querer, você é minha irmã e isso já é tudo. Irmã ou irmão são aqueles que podemos contar para qualquer coisa, aqueles que entendem todas as nossas fraquezas. Quando é para chorar chora junto, quando é para rir solta as melhores gargalhadas, quando é para passar perrengue passa também. Essa é você na minha vida, uma pessoa que a palavra mínima é admiração, as outras são todas acima disso. Eu te amo de um amor que não se esgota, daquela coisa de sangue, porque o resto, os outros amores, duram o tempo necessário e passa. Por fim, é preciso resgatada uma coisa, eu e você podemos ter inúmeros amigos e conviver com uma série de pessoas, mas o que importa é que na categoria irmã nós somos únicas.

LG

domingo, 30 de outubro de 2011

.Desde que eu saiba as regras do jogo.

Como podemos esperar algo de alguém cerceado em limitações? Como podemos esperar que? Esperar que ainda? Acreditar que um dia? Não. Não habito essa fantasiosa bolha onde as flores colhidas no jardim da esperança enfeitam a mesa da casa da ilusão. Convenhamos. As situações são mais bonitas na realidade. As pessoas se relacionam porque em um dado momento se soma (não se completa), se admira, se confidencia, o contrário disso é mentira, e o desgaste disso é o descrédito.fim.fim. Para não mentir serve o silêncio, para não ferir serve o silêncio, para amar serve o silêncio e para merecer amar serve o silêncio. Depois as vidas seguem separadas, você é convidada para conhecer o apartamento novo, brindar o noivado e ver as fotos de viagem do novo par, você esquece o dia do aniversário dela, você ri junto do término e, de fato, se diverte com isso. Depois descobre que o insubstituível não pertence a ninguém. Na realidade, isso era para dizer que você cria um texto maravilhoso dialogando com Chaplin e Lévi-Strauss e eu vou atrás, vou em busca dessa divagação e desses questionamentos. Veja bem, vou, mas não na mesma profundidade, vou em análise breve e em questões da superfície. Quem me dera mergulhar na sua poça e possuir uma bengala. Não arriscaria. Seria como esperar algo de uma pessoa quando nos encontramos extremamente envolvidas. Isso é uma utopia barata e grosseira. Já te disse que não gosto desses desafios impossíveis? É que ao ser desafiado você pode perder, já te disse que não gosto de perder? Não disse? Então, está dito.

LG

sábado, 29 de outubro de 2011

Eu não queria pensar, mas sabia. Eu havia me formado na arte de recusar permanência.

Parei espantada, e meus olhos se encheram de lágrimas que só ardiam e não corriam. O que era difícil: pois a coisa neutra é extremamente enérgica, eu cuspia e ela continuava eu. Só parei na minha fúria quando compreendi com surpresa que estava desfazendo tudo o que laboriosamente havia feito, quando compreendi que estava me renegando. E que, ai de mim, eu não estava à altura senão de minha própria vida. Que era boa, não haveria de mentir.

.É Machado, se ler com atenção ficará com a sensação de não ter entendido, se ler corrido e rápido, poderá se julgar um inapto.

Nem eu, nem tu, nem ela, nem qualquer outra pessoa desta história poderia responder mais, tão certo é que o destino, como todos os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho. Eles chegam a seu tempo, até que o pano cai, apagam-se as luzes, e os espectadores vão dormir. Desta maneira, o espectador, por um lado, acharia no teatro a charada habitual que os periódicos lhe dão, por que os últimos atos explicam o desfecho do primeiro, espécie de: conceito, e, por outro lado, ia para a cama com uma boa impressão de ternura e de amor:

Ela amou o que me afligira,

Eu amei a piedade dela.

.Fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

.Uma boca que fala numa eternidade silenciosa.


Escrever é preencher folhas de papel com pânico e solidão, com a suspeita de ter perdido o rumo ou de nunca ter havido algum.



.Já pensei até mesmo em provar do extremo, de misturar sonrisal, guaraná, rum, cachaça e veneno.

Quando você me deixou
Dormindo em casa e foi à zorra, amor
Juro por Deus, já olhei tantas vezes
Pro quintal
Um nó bem dado bem na corda do varal
Pra te punir ou não, quem vai saber?
Não me surpreenderia
Tua alegria mórbida ao amanhecer
Foi quando o samba chorou outra vez
E o nó pesado esquecido no peito desfez


E eu me banhei, eu me perfumei


E então decidi


Usar o decote mais abusado que existir


E eu vou abrir a fenda até o meu umbigo
E eu vou dormir com
Aquele teu melhor amigo
E me matar de ciúme por ti?
Ah! Por favor!


Se é pra morrer


Que morra você, meu amor