sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Vinicius de Moraes


Amo-te os braços juvenis que abraçam

Confiantes meu criminoso desvario

E as desveladas mãos, as mãos multiplicantes

Que em cardume acompanham o meu nadar sombrio.


Amo-te o colo pleno, onda de pluma e âmbar

Onda lenta e sozinha onde se exaure o mar

E onde é bom mergulhar até romper-me o sangue

E me afogar de amor e chorar e chorar.


Amo-te os grandes olhos sobre-humanos

Nos quais, mergulhador, sondo a escura voragem

Na ânsia de descobrir, nos mais fundos arcanos

Sob o oceano, oceanos; e além, a minha imagem.

Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela

O povo é que é sempre o sacrificado. Enquanto o condutor corria o guarda começou a apitar, que o bonde tinha parado no meio da luz verde aberta para os carros em direção contrária; parecia o dia de juízo, o bonde parado, os automóveis buzinando, o guarda apitando e sacudindo os braços, o pessoal do bonde rindo que era ver uns demônios. Afinal o bonde partiu, e que isso tudo acontecia porque o Governo promete mas não cumpre o dispositivo constitucional — sim, meus senhores, constitucional! — da mudança da capital da República. Imagine que delícia o Rio ficar livre de toda a laia dos burocratas, pelo menos um milhão de pessoas iria embora, e que maravilha o Rio com um milhão de vagas nos transportes, um milhão de vagas nas residências, um milhão de bocas a menos, para comer o nosso mísero abastecimento!
E aí o bonde inteiro aplaudiu, cada qual só pensava na vaga a seu lado. E, se aquele bonde fosse maior, talvez nesse dia, no Rio de Janeiro, houvesse uma revolução.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Em sentir sua frescura delicada, alegrezinha e cega, aqueles pedaços timidamente vivos, o coração da pessoa se enternecia úmido quase ridículo.

Veja bem. Se a gente é severo com os filhos, tipo aqueles pais que colocam os filhos de castigo e tudo o mais, dá uns tapinhas na bunda de vez em quando, os filhos ficam complexados. Aparece aquela sobrinha que estuda Psicologia na USP e diz que você é uma espécie de homem de Neanderthal? E que bater em criança é uma coisa absolutamente fora de questão, isso só faz crescer a raiva interior das crianças contra qualquer tipo de autoridade, e que já houve milhares de casos comprovados de adultos que se tornaram tarados sexuais, que se tornaram delinqüentes, um monte dessas coisas horríveis, só porque os pais batiam nelas quando elas eram pequenas.

Então, a gente resolve que não pode dar um tapinha na bunda nem obrigar a criança a comer verdura, isso também então já é um ponto pacífico, a gente nunca pode obrigar a criança a comer verdura, ela tem que comer o que quiser, porque o corpo sente necessidade das coisas, então quando a criança sentir necessidade de verdura, ela vai pedir verdura, não é para obrigar a criança a comer nada. Aliás, não é para obrigar a criança a nada, onde já se viu? veja aí os índios, que criam as crianças soltas e deixam elas fazerem o que querem. Então a gente cria os filhos sem tapinha na bunda, não obriga a comer verdura, não fica bravo quando eles xingam uma pessoa mais velha, e o que acontece? O filho vira um tarado sexual, um delinqüente, e a sobrinha que estuda Psicologia na USP diz que nosso filho ficou assim porque não teve pais que mostrassem as regras sociais, que as crianças precisam e até gostam que a gente demonstre autoridade, que isso dá mais segurança pra elas.

Qualquer coisa mesmo que você faça, se você bater ou não bater, se você obrigar os filhos a comer verduras, ou não obrigar, se você ensinar os filhos a respeitarem os mais velhos, ou não ensinar, tanto faz como tanto fez, o que acontece é que todos os nossos filhos vão acabar uns tarados sexuais e uns delinqüentes, essa é que é a verdade, uns tarados e uns delinqüentes que....
— Bilu, bilu, fala papai, fala, pa-pai...

Dizia que homem covarde não é cabra, é percevejo.


Se alguém me matasse. Se eu fosse abatido a tiros por uma amante, pelo marido de uma de minhas amantes, por um neurótico pela fama, por um serial killer americano que tivesse vindo ao Brasil, pelo engano de um traficante, por um assaltante num cruzamento, por uma das milhares de balas perdidas que cruzam a cidade, por uma dessas motos enraivecidas que alucinam o transito, por um colega de profissão inconformado com a minha fama. Se morresse em uma inundação, atingido por um raio ou por um arvore derrubada por um vendaval. Por um remédio com data vencida, por uma comida estragada. Uma tragédia noticiada por toda a mídia, alimentada e realimentada, provocando manchetes vorazes, devoradas com prazer pelo publico e construindo a minha legenda.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O vento vai dizer lento o que virá...


Para sair do costumeiro que seja em pequenas doses. De shorts Jeans e musicalidade todos constroem seus imaginários. Aqueles que ainda trazem consigo uma nota, a cor da pele guardado na memória e lembranças daqueles dias de outrora, é porque sabe que a música não acabou. Talvez no canto daquela poltrona ainda esteja alguém esperando para ser tirada para dançar, o momento pode ser errado, mas o relógio insiste em fazer trabalhar os ponteiros.
lg

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ao modo de Woolf


Verdade é que não desejava intimidade, desejava conversa. A intimidade é um dos caminhos para o silêncio, e mrs. Crowe abominava o silêncio. Era preciso haver conversa, e que esta fosse geral e que abarcasse tudo. Não devia ser profunda demais nem inteligente demais, pois se progredisse muito nessas direções alguém certamente se sentiria de fora, e ficaria sentado ali, balançando a xícara de chá, sem dizer nada.

As vozes do Morto

Parece traduzir nos seus trejeitos um permanente pedido de desculpas por tudo o que fez e pelo que não fez, perdão até de se ter casado com Dona Leonor que Novinha e não agora aquela máscara de pó, não era para se ter dado a ele, um sapateiro de origem impregnado pelo cheiro da sola dos dedos curtos e chatos, grudados de verniz. Dona Leonor estudou em colégio de Freiras, segundo ela mesma diz, sem propósito de diminuir o marido, apenas uma alusão saudosa a outra época, com os olhos grandes calmamente perdidos na distância ainda hoje experimenta um velho piano na sala, encimado pela toalhinha e pelo jarro de flores artificiais, onde já dormitam moscas quietas e reclama-se os dedos, já não são os mesmos.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

E UMAS PITADAS DE ROTINA


"Há momentos em que fica tudo tranqüilo demais, especialmente tarde da noite ou pela manhã cedinho. É aí que se sabe que falta algo na sua vida. Você fica sabendo, só isso." Frank Sinatra

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Fase boa


E a bicha era canhota, se não bastasse ser bicha, ainda era canhota, como essas que gostam de chamar a atenção e dar mais vida à mão do que ao resto do corpo, caso não fosse bicha não notaria a contra-mão. Dizem que os canhotos mesclam uma herança genética e outra social. E dizem que bicha é bicha mesmo. Garanto que bichas que escrevem com a mão direita são homossexuais, mais as que são canhotas, sem salvação. É a mesma linha, se abstrairmos, de uma mulher lésbica que usa salto-alto e de uma sapatão que adora Adidas®. Mulher lésbica e sapatão! Por fim, esqueceram de dizer que para cada olhar existe um peso e que em cada pessoa um valor diferente, injustiça olhar outrem com seus próprios valores, deixa-o apresentar-se.

lg

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

parabéns...

Mãe hoje é um dia que todos voltam à atenção para você e eu também quero te mimar um pouquinho. Agradeço por ter você para me educar e orgulho-me da sua simplicidade. Eu e minha irmã tivemos muita sorte, o pai nos ensinou como encarar o mundo e você nos ensinou a sentir, a respeitar e a dar valor nas pessoas, nos pequenos gestos e nas pequenas coisas. Devo a você o pouco da sensibilidade que tenho e é por essas e outras que te admiro e te amo. Parabéns.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Auto-Retrato

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

domingo, 5 de agosto de 2007

Quando precisamos de carinho...força e cuidado.

Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores