É hora de escrever sobre essa sensibilidade aflorada, curtida em dias de repouso. Cultivo do silêncio. Espaço inatingível. Escreve-se para colocar para fora tudo aquilo que o tempo fez calar. Escreve-se para dialogar com você, depois que o estranhamento passou e agora sobraram nossas reflexões desordenadas. Para guardar aquele respirar junto à xícara de café que se escreve. Para emoldurar o seu olhar. Sua liquidez. Escreve-se porque não tenho você agora, caso contrário estaria aproveitando meu tempo em passeios pelo seu corpo. Escrevo para que você suspire e para que saiba usar as mãos que te empresto. Para que ecoem nos meus ouvidos seus momentos intermináveis. Escrevo para que me sintas do outro lado. Quem sabe entre suas curvas. Preciso tanto desse agitar que me causa, dessa tranqüilidade da procura que me proporciona, desse inventar árduo de situações, preciso tanto. E agora que te tenho e que chegarás em breve, volto a precisar da sua liquidez na minha cama. Da tua boca colada a minha boca. Da sua respiração descompassada. Volto a precisar das suas mãos que emprestei a ti.
LG
4 comentários:
Felicè
disse...
Palavras de uma sensibilidade incomum... Divago em meio ao tédio Perdendo-me nos teus versos Errando a soma de um mais um.
Quem sou, sinceramente, estudante de sociologia, daquelas pessoas que para sempre terão que conviver com a pergunta da vizinha: mas o que você faz mesmo? Leitora viciada e jogadora de xadrez aposentada.
Nasci para escrever. A palavra é meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que, foi esta que eu segui. Talvez porque para outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós.
Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas" Clarice Lispector
4 comentários:
Palavras de uma sensibilidade incomum...
Divago em meio ao tédio
Perdendo-me nos teus versos
Errando a soma de um mais um.
Lindo. Quem é?
Sou moça de riso frouxo
Covinha de beleza carrego
do lado esquerdo do rosto
Ganhado tempo em cada verso
Transbordando amor em forma de gesto.
Nossa, que bonito! Vou perguntar novamente, que é? Assim tenho outra resposta agradável.
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