quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

.Não se assuste é apenas overdose.

Então abracei-a nuns soluços altos, mãe, vou morrer de pura e de cansante mágoa, nesta terra não há felicidade, sei que não fui boa quando ainda menina, nem depois e nem o sou agora mas tenho no de dentro tanto amor por esse que chegou à casa, se o tomam de mim anoiteço como a noite de sempre no comprido poço, hei de ser eternamente meia-noite, buraco no fim de uma pedra num confim de abismo, e deslizei colada ao seu corpo, corpo de mãe querido. Aquieta-te, pois quem o tomaria?


Hilst, H. Tu não te moves de Ti. SP: Globo, 2004. (p.105)

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu penso assim.. como é possível manter a regularidade desde tantos anos, depois pergunto, por que não fiz o mesmo? Poderia ter noção da gradual transformação da minha leitura, da minha escrita. Nunca terminei um só projeto, eterno projeto. Também nunca deixei de vir aqui, eterna busca.