terça-feira, 24 de janeiro de 2012

.Não me pus a chorar nem a dormir.

Não é por querer deixar alguém nem aos outros, nem a ti, e se escutares com atenção, na chuva, poderás ouvir que vou e venho e me demoro. E sabes que devo partir. Se não se entendem as minhas palavras não julgues que sou o que outrora fui. Não há silêncio que não se acabe. Quando chegar o momento, espera-me, e que saibam todos que saio à rua com o meu violino.



NERUDA, P. Plenos Poderes. Lisboa: Dom Quixote. 1977 (p.87)

Um comentário:

Felicè disse...

Num flerte com a vida, ao mero acaso deparei-me com uma figura única. De forma encantadora, diria eu com toda certeza. Ela detém a imensidão do mar em seus olhos, que ora ou outra divaga em meio aos pensamentos alheios, aos amores inatingíveis, o mesmo olhar que admira a pintura na parede, o vai e vêm das pessoas, que quase nunca param para observar a vida mais de perto, sensibilidades desgovernadas, à flor da pele, tresloucadas, mar revolto a transbordar os sentimentos, todos de uma só vez.