segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

.Não me tragam estéticas! Não me falem em moral!

Desde então a tive na memória com tamanha nitidez que fazia dela o que queria. Mudava a cor de seus olhos conforme o meu estado de ânimo: cor de água ao despertar, cor de açúcar queimado quando ria, cor de lume quando a contrariava. E a vestia para a idade e a condição que convinham às minhas mudanças de humor: noviça apaixonada aos vinte anos, puta de salão aos quarenta, rainha da Babilônia aos setenta.

GARCIA MÁRQUEZ, G. Memórias de Minhas Putas Tristes. RJ: Record, 2009. (p. 69)





2 comentários:

Rafa disse...

Vi os títulos e fui procurar, é um bom poema, bem existencialista, bem a la Sartre, mas não me contive quando li...
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Kkkkkkkkkkkkk é sua cara, lembro um dia você discursando por horas sobre a raiva que te dá quando alguém conversa com você pegando no seu braço, ou relando em você (não importa a parte) – se bem que a parte importa – mas, muito bom esse trecho, o poema todo muito auto-retrato que não é meu, pintura de outro que deveria ter meu rosto, coisa do tipo, mentiras que se fossem verdades não seriam tão irmãs, procurando você, sempre.

Lg. disse...

Avise caso você me ache, estou me procurando também.