segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

.Algo mais fácil de suportar.

Como indica Richard Sennett, “o sentimento ‘nós’, que expressa um desejo de ser semelhante, é uma forma de os homens evitarem a necessidade de examinarem uns aos outros com maior profundidade”. Quanto mais as pessoas permanecem num ambiente uniforme – na companhia de outras “como elas”, com as quais podem “socializar-se” de modo superficial e prosaico sem o risco de serem mal compreendidas nem a irritante necessidade de tradução entre diferentes universos de significações –, mais tornam-se propensas a “desaprender” a arte de negociar um modus covivendi e significados compartilhados.

Já que esqueceram ou não se preocupam em adquirir as habilidades necessárias para viver com a diferença, não surpreende muito que essas pessoas vejam com um horror crescente a possibilidade de se confrontarem face a face com estranhos. Estes tendem a parecer ainda mais assustadores na medida em que se tornam cada vez mais diferentes, exóticos e incompreensíveis, e em que o diálogo e a interação que poderiam acabar assimilando sua “alteridade” se diluem ou nem chegam a ter lugar.


Bauman, Z. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. RJ: Jorge Zahar, 2004. (p. 134-5)



Um comentário:

Rafa disse...

Nossaaaa, isso é muito bom! Pare de me mostrar, não quero mais links no msn, te proibo.