E se eu ficar lúcida, pastosa, permissiva, sonora, casta e contundente e não disser mais nada congruente, se eu ficar esmolando pelas ruas, lúcida espirocando, se eu levitar enquanto sobre o meu texto tu flutuas, se eu disser que aos cinco anos de idade aquela prodigiosa Simone Weil (informe-se) sentindo frio depois do banho disse ao seu próprio corpo e diante de sua perplexa mãezinha: “Tu tremes, carcaça?”, o que tu sentirias? O que é ser feito de carne, hem, gente? Como é o tempo? É obsceno dizer pústula? E salário mínimo, também?
HILST, H. Cascos & Carícias & outras Crônicas. SP: Globo, 2007. (p. 100)
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