quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

.A cólera de saber que tudo me possui e ao mesmo tempo nada.

Tu és minha mulher e o teu olho traduz desejo e eloqüência. Sei que posso falar a noite inteira e esvaziar teus ternos conceitos, sei tudo o que tu és, veludosa e decente, redondez, faminta do meu gesto. [...]Devo permanecer junto aos homens, abrir e fechar constantemente as mandíbulas, sei quase tudo de ti, de mim sei nada, sei muito dessa palha que se chama aparência, sei nada dessa esquiva coisa entranhada no meu ser de dentro.

HILST, H. Cascos & Carícias & outras Crônicas. SP: Globo, 2007. (p.127)

Nenhum comentário: