sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Eu disse, eu disse!

Quanta gente impressionante que se mata, não? Virginia Woolf atirou-se no rio. Mais especificamente no rio Ouse. Encheu os bolsos de pedra e foi-se. Van Gogh, o deslumbrante, um tiro no peito... E falando em Van Gogh, outro dia fui à farmácia procurar uma pasta de dentes para fumantes, e atrás do balcão tava sentado um homem tão triste que resolvi brincar um pouco e perguntei sorrindo: cê não tem uma pasta de dentes para clarear? E arreganhando os meus: olhe, eles estão sobre o amarelo Van Gogh. O homem triste fez uma cara louca, esbugalhou, rosnou agressivo: que gog? Que gog? Que ce qué, dona? Aí eu disse: o Gogh dos girassóis, aqueles lindos amarelos, aquele Gogh da cadeira, aquele fabuloso ... O homem triste ficou bem mais louco e esganiçou: não sei quem é gog sua louca, sai, sai!

HILST, H. Cascos & Carícias & outras Crônicas. SP: Globo, 2007. (p. 103)



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