terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

.Estão todos ficando tapados.

Ah! Estou cansada Hilst. Sorte de ter você, meu ânimo desses dias, você e outros, não menores, por serem os “outros”, mas não iguais comparados a essa velha safada que me traduz em linhas que deveriam ser minhas e que nunca serão. Querida Hilda, fiquei pensando na sua crônica e no seu pedido para que as pessoas pudessem adotar um cavalo, depois pensei que em 1993 até que existiam quintais, casas e pastos, mas agora Hilst estamos verticalizados, não tem como ter um cavalo. Também achei um horror saber que para o couro das bolsas ficarem mais macios cerram os cavalos vivos e ao meio, porque a dor estica os músculos e, por conseguinte, o couro - e tudo fica mais confortável para as senhoras que carregam a bolsa embaixo do braço. Se fosse meu o espaço daquele dia no jornal, naquela coluna, pediria para adotarem uma criança, sabia Hilst que também estão cortando as crianças ao meio, que estão vendendo os órgãos dos pobres para salvar a vida dos filhos dos ricos, ai vai assim – sumindo criança a torto e direito – não sei mais se estão abandonando para adoção, porque vender é bem mais lucrativo. Então devemos pensar em adotar meio cavalo e meio de uma criança e ensiná-los a atirar flechas para que possam pelo menos pertencerem à mitologia clássica. Depois disso a risada da hipocrisia não deve ser contida, muito menos a estupidez da minha geração muda, geração que – ai sim - poderia ser cortada ao meio para ver se esticando o couro conseguiríamos esticar o cérebro.

Lg

2 comentários:

Anônimo disse...

"Em decorrência da fetidez que assola o país, só tenho vontade de escrever textos sólidos, coléricos, cínicos, degradantes ou estufados de um horror cruel (...)."

Quem não tem?

- Justo!

Anônimo disse...

Belíssima, lindo lindo seu texto...gosto de pessoas inteligentes isoladas, produzem coisas.