sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

.Nunca imaginei que pudesse ver algo mais perturbador no que me faltasse de vida, e hoje posso assegurar que tinha razão.

Foi impossível resistir. Tinha uns olhos de gata fujona, um corpo tão provocador com roupa ou sem, e uma cabeleira frondosa de ouro alvoroçado e cuja emanação de mulher me fazia chorar de raiva no travesseiro. Sabia que nunca chegaria a ser amor, mas a atração satânica que exercia sobre mim era tão dolorosa que tentava me aliviar com tudo que era dama da vida de olhos verdes que encontrava no meu caminho.

GARCIA MÁRQUEZ, G. Memórias de Minhas Putas Tristes. RJ: Record, 2009. (p. 41)

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