Quando entrei em contato com Chico
Buarque já era 2004, depois disso comecei a entender o oculto das suas canções,
as provocações políticas, antes não percebia nada disso. Fiz laboratório e
busquei interpretar suas canções por mais de quatro anos, quase todos os dias.
Era um delírio, Chico era inatingível. Mas, dentre todos seus discos, um me
chamava muita atenção. Não percebi de imediato, mas me tocava. Quando em 2006
criei isso aqui Chico já estava em mim, seus poemas, suas músicas, seus autores
preferidos, enfim... Em 2008 o pai de Chico inspirou meus estudos e estava tudo
entre família. Era uma doçura descobrir as particularidades do pai e imaginar a
infância do filho. Até que aquele disco de antes, despertar de muitas emoções,
revelou seu mistério e me tirou da mira direta da família Buarque. O disco, a
voz, a emoção, a entonação feminina era o diferencial, era o momento ápice do
dueto, era Maria Bethânia. Mudei rapidamente o foco, agora era ela e depois
dela era ele, inverteu-se tudo. Deveria ter estudado a mãe dela, mas como não
me dou com antropologia e questões religiosas, muito escaparia. Ai virou essa
coisa louca, Bethânia no seu devido pedestal, ao lado de Hilst, com outros ao
redor. Nota: como foi bom descobrir um poema da Hilst cantado por Bethânia, foi
quase mentira ouvir, foi um momento impar, coisa de orgasmos intelectuais,
malabarismos da mente, coisa boa. Singularidades da formação de cada um, que
muitas pensam que não, mas pesa.
LG
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