Às vezes as idéias não saem facilmente, é preciso cortejá-las e dispor do tempo para fazê-las florescer.
Ensaiarei uma defesa ilustrada a figura mitológica do centauro. Pois bem, para breve explicação digo que: só com a massa cefálica a parte homem não conseguiria galopar em todos os campos com a agilidade necessária que a parte cavalo executa. Não pense que discutiremos aqui mitologia, caro leitor, apenas faço uso do mito, pois acredito que uma idéia quando bem convincente, a ponto de fazer do científico, algo sensitivo e artístico, não pode ser deixada de lado.
O conhecimento deve ser distribuído para que: não só canonize seus frutos na capacidade científica, mas que esse seja aproveitado para gerar frases conduzidas pela emoção e contribua na inspiração e no aumento da informação ousada-qualificada. A ciência deve evoluir a ponto de ser sentida com fervor, como faz as pessoas apaixonadas com o que trabalham. A ciência deve chegar às camadas mais frágeis da cultural brasileira, deve fazer rir ou chorar, mas o principal e o que eu busco, é que a ciência seja compreendida.
Pautado na discussão audaciosa de alguns pré-cientistas, que não esperam fechar as janelas de seus gabinetes, impedidos pela consciência e desgosto, caso descumprisse o compromisso social, pode nascer (em respeito à sociedade de pouca polidez vocabular) uma adaptação louvável dos discursos científicos. Uma linguagem e uma terminologia mais acessível das coisas que todos deveriam conhecer.
E assim, de idéias primárias e vontades afloradas, procura-se dar lugar para o inédito. Que ainda encontra-se em sua gênese. Eis que nunca se chega a um projeto quem se quer traçou as primeiras linhas. Evidencia também que quem pega em uma pena com brutalidade se quer desejou que suas letras voassem com o pensamento. Porque não dar valor ao artístico?
O livro do sociólogo deve ser o livro da sociedade e não apenas da corja letrada que as vezes pouco se importa com mais um volume em seu acervo. Artigos científicos e crônicas sociais deveriam compor um mix, para um corpo e duas análises, em igual teor informativo, um em linguagem cientifica outro em linguagem artística. À vista disso espera-se quebrar com todos os abusos profissionais na maneira como se faz e se restringe a ciência.
Nesse caso, devo dar a palavra a CROMWELL que ao longo do parlamento em setembro de 1650, após a batalha de Dunbar disse sabiamente: “havendo uma profissão que a muitos faça pobres para tornar ricos uns poucos, ela não presta para a comunidade”. O mesmo deve ser atribuído a ciência que não deve significar uma cisão entre mais ou menos favorecidos por meio do conhecimento.
lg
5 comentários:
Meu pai todo poderoso vc está evoluindo a cada dia e cada vez escrevendo mais, daqui um dia abrirei seu blog e terá um tcc ai dentro. Preciso de dicas, preciso conversar.
Adorei... senti empolgado para comentar...
"A sociologia não valeria nem uma hora de esforços se fosse um saber de especialista reservado aos especialistas". Pierre Bourdieu atentamente observou que a sociologia se fundamenta antes na subjetividade do complexo convívio social, e não nas limitadas intenções objetivas da ciência. Com efeito, nenhum sentido faria diagnosticar uma realidade humana por meios meramente técnicos, supostamente legitimados por uma lógica racional instrumental.
A “raison d'etre” da ciência pode ser bem representada pelo próprio desencantamento do mundo. Desmistificando, padronizando e limitando, os procedimentos científicos anulam todo o caráter humano das relações de sociabilidade. Max Weber em “A Ética Protest...” identificou que esse novo ‘espírito’, subordinado a interesses econômicos, muito bem legitima uma autoridade inquestionável, por estar camuflada pela tão louvável razão.
Nesse sentido, compartilho com seu intento de, através de uma audaciosa e empolgante empreitada, propor uma sociologia rigorosa que mantenha o caráter humano, o fator artístico na sociologia deve representar a criatividade em contrapartida a falta de ânimo da ciência.
Tal temática me faz lembrar de uma reportagem esportiva, em que um time de futebol da capital paranaense ‘contratou’ alguns cientistas para identificar os desempenhos dos atletas e como os procedimentos técnicos podem ser melhores articulados no até então bonito e empolgante jogo de futebol. Quero retratar com isso a morte da criatividade em detrimento do surgimento gélido da ciência. A vida social é cada vez mais pautada pelos procedimentos científicos, por isso desencantando cada vez mais o bonito, o sensível, o agradável.
Efetuando essa sumária leitura sobre o que penso da ciência, acredito que na realidade da sociologia uma liberdade artística além de conveniente é essencial, pois, somente assim os saberes de especialista podem ser socializados, possibilitando a retomada da tão sonhada dignidade humana.
Sabe que até gostei de comentar... um bom exercício... G.A.F.P
Gostei muito do comentário, mas gostei mais de você ter se atrevido a comentar e feito de uma maneira que esse blog nunca viu. Espero me superar nos próximos textos e com isso instigá-lo a comentar mais vezes. Sua escrita muito me agrada e como te disse em outra situação, acredito que seja ela a boca para meus ouvidos. Gosto da percepção que você exerce. Obrigada por acreditar na ciência da mesma forma que eu acredito. Boas Vindas!
Olá! Eu gostei muito de ler o que a Lg escreveu, assim como também o texto do Gregório agradou a mim .
Em contrapartida, algumas coisas explicitadas nos dois textos não vêm de encontro à minha visão de mundo, mundo este da ciência. Creio que seja pelo motivo da minha formação, a de um cientista das ciências chamadas "puras". Onde o mundo, ou diga-se de passagem, o cosmos, é percebido como algo quantizável em si mesmo.
Aquelas coisas, as quais não me agradam, não revelarei no momento. Pelo motivo de que não estou apto a compreender, ou argumentar sobre.
Por fim, valeu o tempo gasto por vocês ao escrever os textos. Pois agora sinto-me com a vontade de compreender a ciência, não apenas por um viés, mas por outros vieses mais.
Danke
Márcio Pedroso
Talvez Márcio, o que te incomodou nos textos, que você não conseguiu explicar, foi mesmo o embate metodológico entre as ciências naturais e as ciências humanas. O que eu e o Gregório fizemos foi adotar o mesmo parâmetro para paradigmas diferentes, formas distintas de veicular os trabalhos científicos. Estávamos diante de uma dualidade estética para transcrever um objeto de análise social, unicamente restrito as ciências humanas. Seria estranho um pertencente das "ciências puras" interpretar como familiar o que discutimos, como para mim é entranho compreender a física quântica, por isso seu baque inexplicável com as nossas visões . Levantamos a análise sobre a práxis do sociólogo, seu discurso e como passá-lo para a sociedade. Em linhas gerais seria isso. Quanto ao "mundo, ou diga-se de passagem, o cosmos, ser percebido como algo quantizável em si mesmo" isso é certo, a física está para nos provar, como a nossa ciência está para analisar esse mundo (lugar onde legitima-se a vida dos indivíduos) nas suas relações sociais e a maneira como esse estabelece meios para a convivência em sociedade.
É uma ciência curiosa assim como a sua, da qual eu tenho muita simpatia. Obrigado por visitar.
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