terça-feira, 26 de agosto de 2008

.Releitura.


Calaram-se quando a conversa exigia de si apenas algumas boas palavras, realizada essa atitude, ninguém mais podia arriscar em que garganta se alojava o câncer. Não havia de esquecer o quão descuidado era abandonar as portar abertas e encher de areia a sala já sem afeição. Tinha medo de fazer da casa uma metáfora de si mesma, um lugar ao qual viessem passar veraneios e nem as janelas, por simpatia, poupassem abertas; que fechassem as portas para barrar o tempo a destruir os móveis, mas que as janelas ficassem abertas, apenas uma maneira de não se fechar por completo. Sufocava-lhe a idéia de seu rosto perder-se no tempo a cair em peles, como pingava as molduras cobertas pelo verde tecido. Insistia nas janelas abertas, pois alguém poderia querer observá-la para além de seu rosto, a senhora inteira se doía daquelas dores que não passam com elogios. E mesmo aqueles que se atrevessem a passar horas fitando-a não saberiam o que estava diante dos seus olhos, como ela mesma não a conhecia e como quem a fez não a conhecesse. A tarefa então era atribuída à consciência (seu interior subjetivo) e por não conseguir dominar a mesma, deixou cair uma lágrima.

LG

6 comentários:

Anônimo disse...

Nossa lu, que triste!

Anônimo disse...

Nossa que texto lindo, sua escrita está cada vez mais aprimorada. Me vi em cada virgula e pontos. Magnífico.

Anônimo disse...

E ninguém jamais irá se conhecer.

Anônimo disse...

Querida não aguentei e vim deixar a minha admiração, o que foi isso..."a senhora inteira se doía daquelas dores que não passam com elogios." posso usá-la, garanto que lhe darei os créditos. Beijo beijo beijo, você ta ficando cada dia mais pequeninha, deve ser pq eu te vi de all star rss. Te adoro.

Anônimo disse...

Parabéns!

Lg. disse...

Não estou ficando pequenininha!!!!!!!!!!!!!!!!
Que coisa!
Brincadeira querida.