Já não me surpreendo com detalhes sórdidos acerca de gênios. Que adjetivo mais posso usar para quem escreveu Em Busca do Tempo Perdido a não ser gênio? Todo o sadismo, toda a obsessão, ah, que fosse muito mais, eu nunca o julgaria. Graças que Proust teve aquela mãe sádica e cuspiu na fotografia dela, graças que se vestia como um bêbado, graças que implorava, mendigava, objetos e fotografias de fetiches, em prazeres bissexuais, louco a caçar afeições num papel. Ou nunca teríamos Em Busca do Tempo Perdido, No Caminho de Swann, À Sombra das Raparigas em Flor, e outros, muitos outros, que um contínuo de escritório, pagador de impostos, frequentador de missas, virtuoso cidadão e respeitador da mãe nunca escreveria.
Aquele que me ensinou a amar Proust, Kafka e Balzac entre as inumeráveis conversas sobre Kant, Hegel e Marx.
Uma obra em que há teorias é como um objecto no qual se deixa a etiqueta do preço.
Proust
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