sexta-feira, 1 de abril de 2011

Não é só de doçurinha que se faz a vida né benzinho!

O homem ficou olhando a mulher, as crianças. Olhou o quintal, o cachorro. Ficou com pena de tudo. De si mesmo também. E daqueles outros. E se eu largasse tudo agora, saísse de mansinho, sacola, escova de dente, pra quê? Uma hora cai tudo mesmo, pra quê? Eu ia saindo, ia andando e em algum lugar encontraria alguma coisa. O quê? Um diamante. Ahhhh! Um diamante seria ótimo, largaria a mulher, dava muita grana para ela e teria muitas mulheres. Suecas enormes lindonas clarinhas. Daí ia ficar tudo chato outra vez. Todo mundo me puxando o saco, uns cultos pernósticos, uns coitados de uns músicos pintores poetas, toda essa caterva me pedindo patrocínio...e eu lá fazendo o fino.

“To achando você esquisito, meio bobo olhando o vazio”

HILST, Hilda. Cascos & Carícias & outras Crônicas. SP: Globo, 2007. (p289)



Um comentário:

Anônimo disse...

http://sobsuspeitas.blogspot.com/2008/09/esse-papo-meu-ta-de-qualquer-coisa.html