sexta-feira, 1 de abril de 2011

.Respire fundo, agora vai!

"Sempre conservei uma aspa à esquerda e à direita de mim” ─ C. L.

Há três tipos diferentes de arranjos. Em um deles, todos recebem uma determinada renda mínima. Isso é muito caro, pois você dá para toda a população. Por outro lado, a vantagem é que não há estigmas, você não precisa declarar: "Sou pobre, ajude-me". Não é preciso pedir. É um direito do cidadão. Há algo muito nobre nessa idéia. Mas é uma idéia muito cara. A segunda idéia, que é idéia do Estado previdenciário europeu, diz que você deve requisitar, e dizer: "Eu sou pobre, dê-me uma renda". E você tem o direito, e terá uma renda. Isso talvez não dure muito, pois em todos os países europeus estão tentando reduzir isso, em parte para reduzir o fardo do Estado previdenciário. Então, a segunda coisa, desde que continue, dará uma garantia, mas a dificuldade por outro lado é que, se houver pessoas que não queiram dizer: "Eu vou me ajoelhar e pedir ajuda do Estado", essas pessoas não receberão ajuda. A terceira é aquela na qual lidamos em relação aos países pobres. Não só países em desenvolvimento, mas países que são muito mais pobres que o Brasil. Nesses países, não há um sistema regular de renda mínima, de nenhum tipo.

Amartya Sen – Roda Viva – 22/01/2001

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