domingo, 21 de março de 2010

Ta morrendo, é?

É inadmissível que até mesmo pessoas tidas como inteligentes, cultas, ainda rotulem de “comunistas”, de “esquerda festiva” aqueles que ficam indignados diante da extrema miséria em que vivem quarenta e dois milhões de brasileiros! Isso me deixa colérica. Quer dizer que não é para se indignar? É para deixar que poucos enrabem muito?

Aliás, agora me lembrei da fala de um então ministro de Estado (1968) quando lhe perguntaram por que as empresas nacionais deviam pagar cinqüenta por cento de juros pelos créditos que conseguiram. O então ministro respondeu: “Obviamente o mundo é desigual. Há quem nasce inteligente e há quem nasce burro. Há quem nasce atleta e há quem nasce aleijado; o mundo se compõe de pequenas e grandes empresas. Uns morrem cedo, no primor da vida; outros se arrastam. Há uma desigualdade fundamental na natureza humana, na condição das coisas.”

Então é isso, nasceu pobre, f..., Ta com fome? E...Uns “comem”, outros não; Tá sem teto? Chato, né, mas f...também. Vem dar uma olhada no mundo vem. Vem ver o orangotango raivoso que engoliu o homem. Estas são as respostas que esperam de nós diante da miséria humana. E cuidado, madames: não pensem muito, que isso de pensar acentua as rugas.

HILST, H. Cascos & Carícias & outras Crônicas. SP: Globo, 2007. (p.236)



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