quarta-feira, 3 de março de 2010

.Deixe-me tatear teu hálito, obscuro que estou.

Comprem o meu abismo de ser e de ter sido, meu lado compassivo, o fervoroso de mim que foi perdido, comprem minhas frases (se as houver) na agonia visceral da despedida, e se eu não disser comprem o silêncio do poeta. Comprem minha mesa, minha terra, meu lápis, meus poemas primeiros, meus versos derradeiros, ah sim, meus rutilantes neurônios, minhas rugas magras, comprem! Estamos todos à venda.


HILST, H. Cascos & Carícias & outras Crônicas. SP: Globo, 2007. (p.203)



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