sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Passa o vento e o desespero. Passa como passa uma agonia.

E nesse instante tocará uma música quase indecifrável, denunciando, vês, como passou rápida, e deslizante, a vida? E as frases me virão se debatendo, como em outros momentos as busquei e elas se esconderam. “Me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.” “Tudo passou ou foi pouco, não sei qual, e eu senti.” Virão assim, desconexas, desprovidas de seus autores, arrebentando o que não foi. Acho que a morte me virá pela cabeça. E nessa situação, em que o sangue for se esvaindo, os ombros ficando brancos, o peito, sem batimento, descolorindo-se, o coração, enrijecido, sendo tomado, e uma esponja, por dentro, sugando a vida, nesse instante, e apenas nele, confirmarei que, de fato, a morte me virá pela cabeça.

LG

Gostava de Diadorim, dum jeito condenado: nem pensava mais que gostava, mas aí sabia que já gostava em sempre. Não dei. Nem pude nem quis. Apanhei foi o silêncio dum sentimento, feito um decreto. ROSA, J. G.



5 comentários:

Glaucio Coutinho disse...

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco.
Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."

ROSA, JG

Anônimo disse...

Adorei as referências, como sempre. Quanto ao texto de hoje, sempre penso: Das coisas materiais que tenho, dos prazeres que sinto e das experiências que vivo, só vou levar pela vida aquilo que consigo guardar na memória. Então a morte só pode vir pela cabeça. "As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." O legal do seu blog é que leio e "vou para a cama com todos os sentimentos".

Anônimo disse...

com relação ao documentário do dia 25, tenho duas observações: a primeira é que o melhor link é http://www.youtube.com/watch?v=nwlJDAufvnM porque está completo. A segunda é que, ainda sobre crise econômica (no caso, a de 2008), tem o Inside Job http://vimeo.com/26837707 que achei sensacional também.

Anônimo disse...

A senhora é uma moça confusa, confusa e interessante. Mas não interessante por ser confusa. Interessante por muitos motivos. O "confusa" é como um charme, quase um hobby. Jeito adorável esse o seu. Liubliú.

Anônimo disse...

http://heterotopiatemporal.blogspot.com/2011/08/e-outro-alfabeto-olhar-para-os-rostos.html