quarta-feira, 6 de maio de 2009

.Tempos modernos.


Um dia desses, há um tempo atrás, me surpreendi com um fato que ocorreu no meu antigo trabalho, estava alugando o apartamento que eu morava, claro que me desesperei, gostava dele, e não me imaginava em outros lugares, mas tive necessidade de experimentar novas experiências, hoje estou em outro lugar (que parece ser transitório), mas que me assusto só de pensar que pode um dia deixar de ser meu.

Analisando por um lado mais emocional, acredito que depositamos em nossos objetos muitos sentimentos que deveriam ser despejados em pessoas, aos vizinhos (talvez), entretanto, quem não se apega a sua prateleira que parece ter sido construída com o intuito de habitar aquele canto específico, bem naquele cômodo que você a destinou e que se completa com o nível exato de luminosidade dado a ela pela janela?

Enfim, acontece assim com a cama, com o espelho, com o quadro, com os ursos, com os livros, com a cadeira, com a balança, com o ventilador, com o violão, com o violino...ah esse mundo das mercadorias e essa sociedade moderna e líquida, querido Bauman, por que a modernidade é tão dinâmica que impossibilita que as pessoas parem em um lugar, morem lá, cresça lá, viaje se quiser, mas que tenha em algum lugar seu refúgio? E por que ela esconde isso, camufla, finge que não acontece mais acontece, faz você pensar que não tem saudade dos outros apartamentos, dos outros quartos, dos outros vizinhos, quando você tem tudo isso? Bauman, meu bom homem, onde vamos parar com as coisas que inventamos, até quando vamos fingir ser seres tão dotados de individualidade e independência? Zygmunt Bauman me convide para tomar um café?

LG

7 comentários:

Contos de F. disse...

ando pensando sobre essas questoes tb. comprei o amor liguido pra ler nas ferias, mas fiquei com o amor nos tempos do colera. mas ele tá na fila. enfim; acredito que a globalização, a padronização das pessoas e das coisas, a rapidez com que as coisas acontecem, nao dão ao homem o tempo de processar sentimentos. porque isso mexe com as estruturas internas, desloca o foco, a-tra-pa-lha. Daí a gente tem que impor isso. Eu imponho esse tempo na minha vida. E eu so saio de um lugar quando eu realmente me sinto preparada pra deixar pra trás e encarar o novo. Mas isso nem sempre pode ser feito de acordo com a nossa vontade, não é mesmo? Acredito na escolha de prioridades... nossa falaria por horas. adoreiii!

;)

Lalá disse...

Sinto saudades de tantas coisas de tantos lugares, a verdade é a saudade que sinto das pessoas e dos momentos. Me apego a tudo que posso sentir, fisico ou emocinalmente. O tal mundo moderno está tornando as relações modernas demais pra minha cabeça antiquada, mas tudo bem... mais uma dose e eu já acho tudo normal.

Anônimo disse...

Entretanto, quem não se apega a sua prateleira que parece ter sido construída com o intuito de habitar aquele canto específico, bem naquele cômodo que você a destinou e que se completa com o nível exato de luminosidade dado a ela pela janela?

Enfim, acontece assim com a cama, com o espelho, com o quadro, com os ursos, com os livros, com a cadeira, com a balança, com o ventilador, com o violão, com o violino...ah QUE PERFEITO!

Pri disse...

"O que sentimos, não o que é sentido,
É o que temos.
Claro, o inverno triste
Como à sorte o acolhamos.
Haja inverno na terra, não na mente.
E, amor a amor, ou livro a livro, amemos
Nossa caveira breve. "

Lg. disse...

Ricardo Reis

Aspone disse...

Se for tomar café com ele, posso ir junto?
Eu gosto de me mudar, como também gosto do apego as coisas que são "eternas".
O que é certo é que ainda não encontrei um canto que eu possa chamar de meu. Sempre me perguntam "De onde vc é?", e a minha resposta é sempre a mesma "de lugar nenhum".
Essa semana me deparei com uma realidade estranha, quase todas as minhas roupas cabem numa mala relativamente grande, e estão dentro dela, mesmo rodeado de guarda-roupas e sem estar de viagem pra lugar algum.
Pra onde eu estou indo?

p disse...

Queria me desculpar, sobre o comentário "superficial" alguns posts atrás.
Não queria dizer que suas postagens eram levianas, mas sim, que demonstravam pouco da superfície do mar que eu gostaria de poder mergulhar e tentar atingir a profundidade.
Estava me sentindo incomodado, com isso na garganta!
Te admiro muito, é isso!