sexta-feira, 29 de maio de 2009

.Mais uma do velho safado 'Bukowski'


Eu era sentimental em muitas coisas: a uns sapatos de mulher sob a cama; a um gancho abandonado sobre a cómoda; ao modo de dizer "vou fazer xixi"; fitas do cabelo; descer a avenida com elas à uma e meia da tarde, apenas duas pessoas a caminhar; as longas noites em que se bebe, fuma e se conversa; os argumentos; pensar no suicídio; comermos juntos e sentirmo-nos bem; as brincadeiras e os risos absurdos; sentir milagres no ar; estarmos juntos dentro do carro estacionado; comparar antigos amores às três da manhã; mães, filhas, filhos, gatos, cães; por vezes a morte, por vezes o divórcio, mas continuar sempre; ler o jornal sozinho num quiosque e sentir náuseas por ela estar casada com um dentista com um Q.I. de 95; corridas de cavalos, os parques, ou piqueniques no parque; até cadeias; os sinistros amigos dela, os nossos amigos sinistros; os nossos copos e as danças dela; os teus engates; os engates dela; os comprimidos dela, as tuas fodas por fora e as dela; dormir juntos.


“Imaginem se por uma eventualidade viesse a se cruzar Hilda Hilst e Bukowski”

lg

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