Tenho um trabalho não muito seguro.
Hoje mesmo, pela manhã, desci uma rampa pra depois subir o morro. Pode se
esperar de tudo, entretanto, hoje foi surpreendente. Confundi a sirene com o
sinal. A gritaria com o intervalo. E as vozes de comando com a da pedagoga.
Naquele momento era tudo parecido, a polícia e a escola se articulando para
enquadrar mais um adolescente. Mas, em contra partida, aquele momento era tudo
novo no meu mundo, vi a indelicadeza, a brutalidade e a covardia que tanto se
fala e se assiste. Só torcia para que aquele não fosse um dos meus, tomara que
não estivesse em nenhuma sala minha, tudo isso parecia que confortava, de
alguma forma. Me excluía da necessidade do “importar-se”. Mas era um dos meus. Fiquei irritada e
comovida, atormentada e confusa, com pena e desinformada. Sem expressões
evidentes. Afinal, se tratava de que? Quando fiquei sabendo fui da comoção para
a cólera e da tentativa de fazer diferente para o conformismo. Algumas pessoas
nos surpreendem sempre, outras, em apenas 1 minuto, nos surpreende para sempre.
Virei as costas e não assisti o desfecho, fui ter diálogo com os meus, na
biblioteca silenciosa. Sem ninguém. Eu, e todos aqueles conhecidos emparedados
em ordem alfabética.
LG
Um comentário:
Aqueles com os quais a convivência é mais fluída, apesar de, às vezes, mais complexa... a realidade é deveras desconcertante.
Postar um comentário