sábado, 29 de setembro de 2012

.Eu sei.



Como ela era na víscera, heim? Ela era eu. Ela era toda pra fora e ao mesmo tempo toda pra dentro. Ela era pra fora do dar, ela dava as coisas que tinha, dava coelhos, carneiros, cordeirinhos, arroz feijão pra todo mundo. Nisso ela era pra fora, apesar de que esse pra fora vem de dentro. Depois ela era pra dentro dos adentros, ela entrava no quarto e ficava se desentranhando, achando o mundo cheio de gente triste, achando a vida bonita, mas cheia de gente de ferro, gente dura como coisa muitíssimo dura. Ela não era simples, nada disso, era mulher muito complicada, muito torcida, como eu mesmo. Eu quando eu digo que ela se desentranhava quero dizer que ela ficava se descobrindo, que ela punha pra fora os pensamentos de dentro, que ela pensamenteava alto, entendes? Não entende, ninguém entende.
Hilst, H. Fluxo-Floema.

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