segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vai doer na cara, vai riscar a pele, vai aprender sozinha, disse ele.



No inicio, tive que fazer a maior parte das minhas leituras embriagado. Tinha o medo, é claro, medo de ler para eles, mas a repulsa era mais forte. Em algumas universidades, eu simplesmente sacava a garrafa e bebia enquanto lia. Acho que funcionava – os aplausos eram satisfatórios e a leitura não me doía tanto, mas eu não era convidado a voltar. Só fui convidado uma vez em lugares onde não bebi durante a leitura. Grande dimensão da poesia eles tinham. Entretanto, vez que outra, um poeta se depara com uma platéia mágica e tudo faz sentido. Não consigo explicar como isso acontece. É muito estranho – é como se o poeta fosse a platéia e a platéia fosse o poeta. A coisa flui.

BUKOWSKI, C. Pedaços de um caderno manchado de vinho. RS, L&PM: 2010 (p.164)

Nenhum comentário: