quinta-feira, 19 de maio de 2011

.Pedaço de mim, metade arrancada de mim.

Era ela ali debruçada na janela, brisa no rosto e a sensação estranha em ver as vidas passando lá embaixo. E de virar costume, sabia o momento exato em que o sol perdia a sua luminosidade. Olhava através das cores mais fracas das flores e sentia o instante como se ele fosse mágico. Uns olhavam a sua face pálida, triste, que quase entregava a sua indiferença, e tentavam, em vão, reanimá-la. Diziam que ela era estranha, que vivia em um mundo próprio, distante da realidade. Distante de tudo, de todos, do mundo. Que precisava voltar. Que precisava voltar. Para outros, ela era espelho. A leitura parecia mais do que nunca um requisito básico no seu dia, era a presença de pedaços de vida que não existiam fora dali, era a sua sobrevivência. Dormia com os livros e acordava com eles ao lado, e cada vez mais sentia cada vez menos vontade do que era real. Observava a vida dos personagens podendo tocá-los e também Hermes vinha visitá-la com mensagens vindas de longe. Estas eram para ela o seu ópio. Sem entender, perguntavam-se em cochichos o que de tão melhor existia na idéia de fugir das pessoas reais e entregar-se ao que era um truque da consciência. Parecia que ela era louca. Ela ouvia com certa ironia e respondia em silêncio: O que realmente é um engano?

AlterEGO

Um comentário:

AlterEgo disse...

Como disse, cai bem aqui!
Arranquei metade sua, sobre a outra metade para mim e estamos juntas, assim, no "engano".