quinta-feira, 22 de abril de 2010

.O descontentamento do mundo.

E se me entregar a ponto de dizer que o todo não me representa? Que os meus anseios são, acima de qualquer conjuntura atual, maiores e melhores, ou, ao menos reais. Porque o instante arde, interminável, e a mudança como sempre se adia, por anos, por décadas, por vidas. E se eu disser que todos, os mesmos que nunca se organizaram, mataram centenas de pessoas, que o açoite está na mão dos que não dizem, dos que se ocultam, dos que nunca se interessaram? E se disser que a vergonha grassa sobre o país, país sem povo, país de torturadores que com ou sem torturados, continua agradando pelo clima e suas pernas-bundas-serpentinas. Ah! Se eu disser que nunca ouvirão meu nome, mesmo que perdi minha sanidade na tentativa de, algum dia, demonstrar algum feito maior que minhas indagações, feitos passíveis de desencadear transformações. Pior! E se eu disser, senhores, que morrem pessoa assim, buscando resolver os nossos problemas, exilados, esquecidos, (des)patriados. Deverias crer? Se eu disser que ninguém será capaz de lembrar-lhes os nomes, deverias crer ou envergonhar-se?

Lg



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