quinta-feira, 15 de abril de 2010

.Acomode-se, ou não.

A questão é: a exaltação de feitos pessoais, como uma fórmula para ajudar a desencadear sentimentos patrióticos e de auto-estima, deveria ou não ser lida como enaltecedora da despolitização? Sim. Em um país, onde é difícil o florescimento de ações coletivas através das quais os indivíduos tivessem, de fato, do que se orgulhar conjuntamente, é desastroso que, nos dias atuais, o presidente tenha dado tanta ênfase a alguns esforços individuais. Não se está dizendo que o esforço do maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima não seja digno de ser exaltado. Mas os meios de comunicação já fazem isso o tempo todo. [...] Isso desencadeia uma comoção nacional, um sentimento de brasilidade que funciona muito mais como um mecanismo de aceitação das condições tais como elas se apresentam.

Maria José de Rezende.

Seria como ter a necessidade de ver conquistas pessoais, no âmbito privado e individual, para estimular a noção de pertencimento e levantar a auto-estima, frente às questões da nacionalidade brasileira. Quem não é brasileiro na copa, quem não lembra do amarelo do ouro roubado, do verde das matas que agora discutem ser patrimônio da humanidade? Mais um assunto da esfera pública que o governo insiste em deslocar e transfigurar, mais uma discussão cheia de símbolos nacionalistas para fins sensacionalistas, como meio de não possibilitar a formação de uma coletividade coesa e atuante.

LG




3 comentários:

Rafa disse...

Platão e Aristóteles.
O Rei Filósofo e o discipulo.
E tenho dito! ahuahauhaua

Anônimo disse...

Lu, você tem o link do texto?

Lg. disse...

Link do texto:
http://www.espacoacademico.com.br/041/41crezende.htm

Link dos textos dela na revista:
http://www.espacoacademico.com.br/arquivo/rezende.htm

Procura no google que tem coisas mais interessantes nas revistas do chile, ou no caderno CERU da USP.