quarta-feira, 1 de maio de 2013

.Nossas vidas não são tão diferentes, embora tentamos acreditar que são.


Donny me trouxe o drinque e ficou conversando com Dee Dee. Eles pareciam conhecer as mesmas pessoas. Eu não conhecia ninguém. Custou pra eu me interessar pelo papo. Não ligava pra aquilo. Não gostava de Nova Iorque. Não gostava de Hollywood. Não gostava de nada. Vai ver, eu estava com medo. É isso: eu tinha medo. Eu queria ficar sozinho num quarto com a janela fechada. Fiquei curtindo essa ideia. Eu era um trambolho. Eu era um lunático. E Lydia tinha ido embora. Acabei meu drinque, Dee Dee pediu outro. Começava a me sentir patrocinado, e isso era ótimo. Ajudava minha tristeza. Não tem nada pior que ficar duro e perder sua mulher. Nada para beber, nenhum trampo, só as paredes, e você sentado ali, olhando pras paredes e pensando. Eu ficava desse jeito quando as mulheres me deixavam, mas elas também saíam feridas e debilitadas. Isso era uma mentira, mas pelo menos é o que eu gostava de pensar (BUKOWSKI, 1984, p. 51).

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BUKOWSKI, C. Mulheres. São Paulo: editora brasiliense, 1984.  

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