Você me acorda uma hora dessas? Estava
sonhando com deus. Questionando que depois do meu corpo e depois do meu sangue
chego até onde? Até onde eu existo? Até aquele grande muro, ele dizia. E
apontava para um muro enorme, e eu estava distante do muro. Então significava
que eu vivia muito além do corpo, porque se o muro estava longe. Mas você me
acordou Alfred, e agora não sei exatamente a distancia do muro. E porque
haveria de ter muro nesses diálogos? Fernando Pessoa, como vários outros
autores, imaginava a conversa com o divino em um campo aberto, sempre verde ou
florido, um dos dois. Muro? Tenho uma muito amiga que sempre quando goza sonha
com diálogos divinos, depois fico me questionando que diálogos seriam esses? De
aceitação, de reprovação, de jogo conjunto? Oh! Quanta besteira. Estamos
falando do divino, e estamos falando de gozo tudo no mesmo conto? Será que a
distancia do meu muro, depois disso, vai se encurtar? Olha Alfred, você tem
sorte que acordei, olhei o livro aqui do lado, e lembrei do sonho, merecia, na
verdade, uma grande bronca pelas inúmeras recomendações não levadas a serio que
sempre lhe dou sobre “não acordar as pessoas”. Isso é tão desagradável! Perceba
o quanto incomoda, veja minhas olheiras, precisava de mais sono. Agora o que
tenho é um sonho pela metade e esse café que você insiste em ter passado agora,
mas eu sei que foi de horas atrás. Acho que quero um copo grande e alto de
leite, não quero esse café. Você entende de muros, Alfred? Eu odeio leite,
esqueça. Não! Não esquecerá ou não entende de muros? Escreva melhor para os
outros, maluca. Mais claro, mais compreensivo. Você não entende de nada
Alfredo. Alfredo? Que brasileirismo. Alfred gostaria de peixe para o jantar,
assado aberto, temperado com ervas finas, rosadinho, você faz?
LG
3 comentários:
Está certo... você se empolgou com o jogo, mas eu declinei e agora o que me resta é apenas esse silêncio ensurdecedor. Justo
Temos que escolher dentro do já escolhido. Você não deu alternativas.
Ai se eu pudesse...
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