Os olhos carregam a marca do tempo,
como janelas saudosas. Nada comparado às mãos que denunciam a brutalidade cronológica,
com suas pintas desenhadas e sua elegância. Mãos sempre triunfam. Adquirem vida
própria e definem as expressões. Mais que os olhos? Não mais. Apenas o
suficiente para garantir a atenção deles. E os cabelos? Examino seus abundantes
cabelos, antes tão pretos, agora tão sobreviventes. Talvez também se
reiventaram para caber em ti. Quando se percebe, chora! Fica aquela lágrima
boiando cheia de sal. Chora a realidade ou o passado? A fotografia cria vida ou
mata? Dá esperança ou destrói? Suas mãos e seus cabelos perdido no tempo, e
reiventado décadas depois, te causará que sentimento? Não poderia apenas ver a
fotografia sem pensar nisso tudo? A fotografia é tão poética e perigosa
quanto às frases que tentamos construir. A grande poesia dos olhos.
LG
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