terça-feira, 25 de setembro de 2012

.No Oásis de Bethânia.



Medo não me alcança, no deserto me acho, faço cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo. Onde vai valente? Você secô seus olhos insones, secaram, não veêm brotar a relva que cresce livre e verde, longe da tua cegueira. Seus ouvidos se fecharam à qualquer musica, qualquer som, nem o bem nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe, você pisa na terra mas não sente apenas pisa, apenas vaga sobre o planeta, já nem ouve as teclas do teu piano, você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona, não tem alma você é o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo. Eu posso engolir você só pra cuspir depois, minha forma é matéria que você não alcança. Se choro, quando choro, e minha lágrima cai, é pra regar o capim que alimenta a vida, chorando eu refaço as nascentes que você secou. Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio, vivo de cara pra o vento, na chuva, e quero me molhar. Sou como a haste fina que qualquer brisa verga mas, nenhuma espada corta.
Maria Bethânia

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