sábado, 12 de março de 2011

.Tu me faz outro?

Agora eu me pergunto: com que roupa eu vou pro samba que você me convidou? Poderia idealizar o ‘café’ de Mccullers, para sentarmos com Foucault. Naquela cidade melancólica havia um café. Havia mesas com toalhas e guardanapos de papel, fitas coloridas nos ventiladores elétricos, animadas reuniões nas noites de sábado. Ou talvez o ‘café’ de Kundera em O pomo de ouro do eterno desejo. A sala era azulejada, fria e pouco acolhedora e uma mesa manchada de molho que deveria nos incitar a sair dali o mais depressa possível. O nosso ambiente estaria composto da mesma forma. Em cada cenário, a beleza do que está corroído por dentro, dos pedaços de vida que não fazem sentido e um latente estado de sina ao indiferente. Em cada um, a feiúra que é propícia, que é proteção, que dissipa os estranhamentos e que nos leva novamente ao devaneio.

Parece, então, haver um só caminho: o do nada-saber. Nesse inevitável enlace dos destinos, quero vaguear e descobrir, seja qual for a descoberta.

-Está forte, do jeito que eu gosto! Quanto ao seu...

D.ALTERego

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