domingo, 31 de agosto de 2008

.Jeca Tatu, símbolo do atraso e da miséria do caboclo brasileiro.

Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em companhia da mulher, muito magra e feia e de vários filhos pálidos e tristes.

Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de plantar um pé de couve atrás da casa. Perto um ribeirão, onde ele pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia vivendo.

Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis, nem roupas, nem nada que significasse comodidade. Um banquinho de três pernas, umas peneiras furadas, a espingardinha de carregar pela boca, muito ordinária, e só.

Todos que passavam por ali murmuravam:

Que grandíssimo preguiçoso!

Jeca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um feixinho que parecia brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso.

Por que não traz de uma vez um feixe grande? Perguntaram-lhe um dia. Jeca Tatu coçou a barbicha rala e respondeu:

Não vale a pena. Tudo para ele não valia a pena. Não vale a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar árvores de fruta, nem remendar a roupa.

Só valia a pena beber pinga.

"Jeca Tatu não é assim, ele está assim".

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

.Somos tentados a rir antes de discutir.

A arrogância da grande burguesia num encontro justamente chamado ‘Decola Brasil’, para apoiar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso, mostrou-se por inteiro: ali encontraram “fichas” de inscrições no PT em que candidatos a entrarem neste partido assim se qualificavam: gay, negro, nordestino, travesti, analfabeto, drogado, catador de lixo, etc.

Escancaradamente, a ficha ideológica que resulta dessas “qualidades” não é a dos que simuladamente entravam no PT, mas a própria burguesia brasileira: seu atraso cultural, seu preconceito, seu ódio ao povo.

Oliveira, Francisco., Pós-liberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. RJ: Paz e Terra; 1995.

.Grande Depressão.


A fotografia Migrant Mother, uma das fotos americanas mais famosas da década de 1930, mostrando Florence Owens Thompson, mãe de sete crianças, de 32 anos de idade, em Nipono, Califórnia, março de 1936, em busca de um emprego ou de ajuda social para sustentar sua família. Seu marido havia perdido seu emprego em 1931, e morrera no mesmo ano.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

.Releitura.


Calaram-se quando a conversa exigia de si apenas algumas boas palavras, realizada essa atitude, ninguém mais podia arriscar em que garganta se alojava o câncer. Não havia de esquecer o quão descuidado era abandonar as portar abertas e encher de areia a sala já sem afeição. Tinha medo de fazer da casa uma metáfora de si mesma, um lugar ao qual viessem passar veraneios e nem as janelas, por simpatia, poupassem abertas; que fechassem as portas para barrar o tempo a destruir os móveis, mas que as janelas ficassem abertas, apenas uma maneira de não se fechar por completo. Sufocava-lhe a idéia de seu rosto perder-se no tempo a cair em peles, como pingava as molduras cobertas pelo verde tecido. Insistia nas janelas abertas, pois alguém poderia querer observá-la para além de seu rosto, a senhora inteira se doía daquelas dores que não passam com elogios. E mesmo aqueles que se atrevessem a passar horas fitando-a não saberiam o que estava diante dos seus olhos, como ela mesma não a conhecia e como quem a fez não a conhecesse. A tarefa então era atribuída à consciência (seu interior subjetivo) e por não conseguir dominar a mesma, deixou cair uma lágrima.

LG

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

.Rosa é a flor da simpatia.



Por isso, sem preconceitos eu canto
Eu canto a fantasia
Eu canto o amor, eu canto a alegria
Eu canto a fé, eu canto a paz
Eu canto a sugestão
Eu canto na madrugada
Take it easy my brother Charlie
Pois eu canto até prá minha amada
Esperada, desejada, adorada.
Jorge Ben

domingo, 24 de agosto de 2008

.A natureza das coisas ama esconder-se.


O poder do Estado ocupa a nação abandona por Deus.


Antes que Deus o ajudasse, hoje, que as políticas publicas resolvam.


lg


.Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado.

Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado
A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
RR

E se da sacada não pendessem pessoas cheias de rotina e rancor por baixo dos olhos, quem sabe... LG

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

.Loucura.

Já não me surpreendo com detalhes sórdidos acerca de gênios. Que adjetivo mais posso usar para quem escreveu Em Busca do Tempo Perdido a não ser gênio? Todo o sadismo, toda a obsessão, ah, que fosse muito mais, eu nunca o julgaria. Graças que Proust teve aquela mãe sádica e cuspiu na fotografia dela, graças que se vestia como um bêbado, graças que implorava, mendigava, objetos e fotografias de fetiches, em prazeres bissexuais, louco a caçar afeições num papel. Ou nunca teríamos Em Busca do Tempo Perdido, No Caminho de Swann, À Sombra das Raparigas em Flor, e outros, muitos outros, que um contínuo de escritório, pagador de impostos, frequentador de missas, virtuoso cidadão e respeitador da mãe nunca escreveria.

Aquele que me ensinou a amar Proust, Kafka e Balzac entre as inumeráveis conversas sobre Kant, Hegel e Marx.

Uma obra em que há teorias é como um objecto no qual se deixa a etiqueta do preço.
Proust

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

.Margaret.



Eu
tenho
vergonha pela
baronesa
Thatcher.
Muita
VERGONHA!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

.Aliviada.


A sua simplicidade sondava o que as pessoas inteligentes falsificavam.

.Liberdade 'de que' e 'em que'?

Mas, entretanto, todavia e contudo, o sol nasce novamente esplêndido, convidando aqueles que atrevem-se a ficar minutos mais na cama para o inicio do dia. Horas passadas me indagaram, ao despertar, que deve ser impossível para qualquer ser humano, quando se espreguiça, não pensar em liberdade.

Bom, construindo esse caminho, alegando que hipoteticamente todos pensam em ser mais livres ao despertar, em um futuro próximo esse ‘todo’ viraria o tabuleiro contra os poucos que os aprisionam. Porem é só prestar mais um pouquinho de atenção para concluir que ‘nem todos pensam em liberdade ao despertar’, porque nem todos desfrutam de tempo suficiente para pensar (em qualquer coisa) mesmo que essas sejam futilidades. O sol trás consigo as rotinas já demarcadas, com poucos minutos de folga e muito trabalho pra frente.

Vendo por esses óculos a liberdade fica para uma cúpula ínfima, e, essa aprende com esse ideal elitizado a, transfigurar o valor concreto do ‘ser livre’ para dar lugar a ‘ser o melhor’. Vivemos em um mundo de melhores, um lugar onde os indivíduos são por demais despregados de todas as noções de comunidade. Vivemos vislumbrando tudo que podemos conquistar sem ter meios para chegar a esse fim. Vivemos em uma lógica mais de cabrestos do que de asas e alguns precisam de nós para dar corpo à sociedade e lucro aos dirigentes.

Sonhamos com a liberdade. Sonhamos para os outros já que esses se impossibilitam de fazê-lo. Talvez por precisar sonhar tanto (nós cientistas) dormimos muito e se esperam (de nós) conquistas que vão além dos travesseiros. Talvez em outra época, não abandonada pelos seus pensadores, os cientistas aprendam a não ficar apenas nas teorias e possam, com isso, ajudar aqueles que depositam toda sua confiança na sabedoria e na ciência.

lg

terça-feira, 19 de agosto de 2008

.Para quem fica, que fique bem!.


A morte é quando um nó se aloja na nossa garganta.
lg

Depois de um vôo através da luz do sol, as asas de um pássaro se dobram silenciosamente. [...]
Amarga e preta, a meio caminho para baixo, na escuridão, no poço que ia da luz do sol às profundezas, talvez uma lágrima se formou; uma lágrima caiu; as águas oscilavam para cá e para lá, receberam e ficaram de repouso. Nunca ninguém pareceu tão triste.

Sabia sem ter aprendido o quando doi a perda.

.Eu sou minha própria lei.

Disse outrora a uma amiga que o indivíduo deveria recorrer a outros meios, não somente ao ouvido dos próximos, para despejar suas produções, lamentações, desespero e o que quer que seja. Ainda depois de anos defendo essa iniciativa. O blog é, portanto, um meio de disseminar nossas produções às figuras alheias, que fogem do nosso convívio social e tanto as produções, quanto as figuras, passado um tempo, tornam-se tão dependentes de nós quanto nós delas.

Acontece de surgir esse assunto justamente por pensar que algumas pessoas periodicamente lerão o que aqui se encontra. Não é prepotência. Nem um ensaio da mesma. Apenas retribuição aos olhos que perdem-se nessa página. Uma maneira de dizer a não sei quem: muito obrigada por me fazerem escrever. Um agradecimento tolo, pois quem será o primeiro beneficiado, dessas palavras combinadas, não pode ser ninguém mais do que seu próprio autor.

Contudo, nunca gostei da idéia de produzir algo que ficasse nas gavetas, claro que existem alguns textos que ainda não podem bater asas, pois deve-se angariar vasto conhecimento teórico antes de dispô-los, mas garanto a mim que lançá-los-ei ao coletivo quando puder. Enfim. Agradecimentos a mim, ao meu blog e como não posso agradecer a mim novamente, agradeço a todos aqueles que sabem ler e tem bom gosto.

lg

.Nunca ninguém pareceu tão triste.


E mesmo se amanhã o tempo não estiver bom, será outro dia.
Virginia Woolf