domingo, 19 de junho de 2011

.A identidade me é proibida, eu sei. Mas vou me arriscar.

Estava eu novamente com os olhos parados na mesa do café. Da escultura, suponho, veio meu jeito de só pensar na hora de pensar, pois eu aprendera a só pensar com as mãos e na hora de usá-las. Também da escultura intermitente fica -me o hábito do prazer, a que por natureza eu já tendia: meus olhos tanto haviam manuseado a forma das coisas que eu fora aprendendo cada vez mais o prazer, e enraizando me nele. Eu podia, com muito menos do que eu era, eu já podia usar tudo: exatamente como ontem, à mesa do café, me bastava, para formar formas redondas de miolo. Para ter o que eu tinha eu nunca precisara nem de dor nem de talento, o que eu tinha não me era conquista, era dom.

Um comentário:

Marcelo disse...

Dons! Realmente não podemos ter todos. Mas sábio é quem valoriza os que tem e os usa.