Cruzaram-se. Um tanto quanto peculiar não é mesmo? Sabia como agir, continuou o caminho como se nada estivesse acontecido, contudo sua atitude foi de mau grado. Como saber quão necessária era a sua atenção? Poderia precisar daquela pessoa nas noites escuras! Arrependeu-se. Por que não entoou um oi? Ainda se isso custasse, mas até onde sei o ato de cumprimentar ainda não vem com impostos, imaginem como seria...Senhor, acho que vi sua sobrancelha suspender, deve um percentual de sua felicidade ao Estado, ou até, senhor suas pálpebras uniram-se, piscadela está na lista dos cumprimentos de alto teor sexual, queira acompanhar-me. Custava? Cairia os lábios dizer: Oi? Também o receptor mostrou-se frio, caso eu estivesse tido coragem para o tal cumprimento ele poderia ter me esnobado, sua postura já denunciava que cumprimentos, naquela situação, são só para pessoas de extrema importância. Quero mesmo é que se arda com pessoas de extrema importância. Na verdade não queria que se ardesse com ninguém. Falando em arder lembrei de você sem roupa. Esses poetas, escritores, filósofos e a patota dão pena. Vivem curtas horas de gozo e depois contentam-se com as lembranças, mesmo assim lembro: da roupa que era pouca, depois já não era, da respiração que era certa, depois já não era e das coisas que fizeram a luz se apagar.
TEXTO: LG
FOTO:
Pedro Moreira