segunda-feira, 30 de setembro de 2013

.Quebre as louças, mas não mexa nos livros.




Apenas devaneios. Algo que fazia me lembrar Os Sofrimentos do Jovem Werther, talvez esse livro tenha viajado mais que eu, ou acabou em uma caçamba, estraçalhado, mas creio que não. Fato é que não voltou. Outro também, Memória das Minhas Putas Tristes, emprestei, nunca mais voltou. Era como uma sina, eles não voltavam. Aquele do Rousseau, Devaneios de um Caminhante Solitário, nunca mais vi a cor. E não sei até que ponto isso me incomoda. Fato que não gosto de fazer uso dos versos do Chico Buarque: “devolta o Neruda que você me tomou, e nunca leu”. Tomara que tenham lido, o Werther foi lido, certamente, porque a pessoa era uma leitora compulsiva, dessas que estão em falta, os outros não tenho a mínima garantia. Incrível que a vontade de reler se concentra nesses que você sabe que não está mais ao seu alcance. É como uma ironia. Lembrei deles hoje que fui arrumar a estante, uma tarefa por demais agradável, mas cansativa, como todas as outras. Ajuda se você sentir aquele cheiro de café, misturado ao cheiro do livro e um pouco de poeira, dá um ar intelectual ao ambiente, e a tarefa se torna mais prazerosa. Intelectual que se preze sempre precisa estar próximo a uma garrafa de café, uma estante e as traças. Encontrar uma traça perdida pela casa é uma medalha, sem traças, fique preocupado, você pode perder a fama. Ah se as pessoas andassem por ai trocando livros, seria como aquele filme Farenheit 451, fantástico, assista! Ou leia o livro se preferir... e se o costume se alastrasse ninguém escreveria textos reclamando os filhos desaparecidos, apenas bateria na casa do vizinho e saia de lá com as mãos cheias. Quanta ilusão.
LG

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu leio seu blog desde 2006. É ruim quando você fica sem postar. Beijo MT

Jorge Ferreira disse...

Verdade, tem livros emprestados que insistem nunca mais voltar, se fossem lidos ao menos cumpriria sua sina, mas...
Quanto ao filme Fahrenheit 451 (do livro homonimo) é muito bom, apesar de não ser meu preferido de Truffaut. Abraço!