Apenas
devaneios. Algo que fazia me lembrar Os
Sofrimentos do Jovem Werther, talvez esse livro tenha viajado mais que eu,
ou acabou em uma caçamba, estraçalhado, mas creio que não. Fato é que não
voltou. Outro também, Memória das Minhas
Putas Tristes, emprestei, nunca mais voltou. Era como uma sina, eles não
voltavam. Aquele do Rousseau, Devaneios de
um Caminhante Solitário, nunca mais vi a cor. E não sei até que ponto isso
me incomoda. Fato que não gosto de fazer uso dos versos do Chico Buarque: “devolta
o Neruda que você me tomou, e nunca leu”. Tomara que tenham lido, o Werther foi
lido, certamente, porque a pessoa era uma leitora compulsiva, dessas que estão
em falta, os outros não tenho a mínima garantia. Incrível que a vontade de
reler se concentra nesses que você sabe que não está mais ao seu alcance. É
como uma ironia. Lembrei deles hoje que fui arrumar a estante, uma tarefa por
demais agradável, mas cansativa, como todas as outras. Ajuda se você sentir
aquele cheiro de café, misturado ao cheiro do livro e um pouco de poeira, dá um
ar intelectual ao ambiente, e a tarefa se torna mais prazerosa. Intelectual que
se preze sempre precisa estar próximo a uma garrafa de café, uma estante e as
traças. Encontrar uma traça perdida pela casa é uma medalha, sem traças, fique
preocupado, você pode perder a fama. Ah se as pessoas andassem por ai trocando
livros, seria como aquele filme Farenheit
451, fantástico, assista! Ou leia o livro se preferir... e se o costume se
alastrasse ninguém escreveria textos reclamando os filhos desaparecidos, apenas
bateria na casa do vizinho e saia de lá com as mãos cheias. Quanta ilusão.
LG
2 comentários:
Eu leio seu blog desde 2006. É ruim quando você fica sem postar. Beijo MT
Verdade, tem livros emprestados que insistem nunca mais voltar, se fossem lidos ao menos cumpriria sua sina, mas...
Quanto ao filme Fahrenheit 451 (do livro homonimo) é muito bom, apesar de não ser meu preferido de Truffaut. Abraço!
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