Era como um carma sentado logo ali, a quatro metros dos meus olhos, e pensar que no começo não identifiquei o desconforto que aquela sala trazia. Era você, suas roupas, o modo de sentar, os tons do casaco, a pele e o batom. Pensei por um minuto em te enviar a foto, com o título, seu outro eu. Pois como se não bastasse as minhas lacunas sentimentais você aparecia ali, reencarnada, jovial, educada e aluna. Passei a evitar os cantos, lugares preferidos da cópia, desejei que reprovasse, que fosse embora para longe, que odiasse a matéria, mas não. Ela gostava. E se fazia presente em tudo. Era uma lamúria. Ficava depois do intervalo, me indagava as provas e os textos lidos, os não lidos e os por quês, queria ler todos e ler mais. Era um calvário. Foi quando confessei: você me lembra alguém. E ela sorriu, feliz, sem saber se poderia. Não era feliz, era pesado e sofrido e era a outra. Mesmo quando a mente esquecia os olhos lembravam a presença, era ela uma escuridão velada sem saber. E mesmo que o mal não se deseja a queria longe, a espera do dezembro, das férias, do nada, e da ausência.
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