quinta-feira, 12 de setembro de 2013

.Sou igual a você, eu nasci pra você, eu não presto, eu não presto.



Tiu, não tem essa não de abstração. Escritor não é santo. O negócio é inventar amores, os caras querem ler um troço que os faça esquecer que são mortais e estrume. Continua: Tiu, com a tua mania de infinitude quem é que vai te ler? Aposto que serei o primeiro na vitrine e tu lá nos confins da livraria.
Hilda Hist

E por incrível que pareça é um espaço para esmaecer, esmaecer as línguas muito vivas da vida, em períodos de extrema liquidez. Era grande a Madame das minhas utopias. Era confuso ainda, mas era de frio na barriga e arrepios repentinos. Queria sempre depois dormir nos braços dela, mas querer dormir não era correto, era desperdício de tudo. Quando penso em dormir em seus braços coloco as mãos no quadril, estico o tronco e brado que estou em forma, que pode vir, que o sono passou. É quase que um jogo de corpos entregues. Mas era real? Era real a Madame dos meus dias? Eu digo para minha consciência: liquidez, língua e lago e tudo que lembrar o molhado das noites. Era real, metida em rendas e sedas, coxas marcadas pelas minhas mordidas, os ombros nu, era batom espalhado pelo rosto. Não era confuso enquanto se passava, mas na ausência o certo era questionar o real de tudo aquilo. Beijei-a tantas vezes que os lábios cresceram machucados, os de cima e os de baixo, lambia-a pelo pescoço, a língua nas orelhas, nas narinas...se pudesse lamberia o cristalino do olho, tamanho meu desejo. Senhora das minhas utopias. E eu sozinho na cama, as mãos dançando no ar, tocando o infinito como se procurasse o momento anterior. A Bela era real, mesmo quando estava ali na minha frente precisava tocar, confirmava e seguia os beijos, era real! Eu só sabia que vê-la de joelhos, enquanto passeava pelo corpo trêmulo, me inundava. Dizia: demore-se mais um pouco ali, ou aqui, e vinha aquela luz rosada que sai do nada e, quando menos espera, vira um clarão. É uma luz metafórica e indescritível. Olhar era tudo que precisava, ver o momento de encontro dela a luz e o meu descanso. Parado no instante, os olhos marejados com as sensações, recomeço, e aquela saia, o perfume, a fina postura, dava ares de outro século ao momento proibido. Era um deleite como descrevia Camões, uma ilha, um surto. Ela e seus echarpes de seda, que nunca os vi, mas os imagino envolto ao seu pescoço branco, destacando a boca rosada. Alguém dizendo sempre... calma, e se isso tudo passar, e o desconforto? Não pensava nisso um momento sequer. Era só luzes e paisagens à minha frente.
LG

Um comentário:

Anônimo disse...

Quente, não?