sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

.Isso eu sempre soube.



Uma hora dessa e ainda não dormiu? Não. Me diga como é possível dormir com essa barulhada? Que barulhada? Esse barulho, Alfredo. Que barulho senhora? Não escuto nenhum barulho! Não tem barulho senhora, não tem barulho senhora, pare de ficar repetindo isso e me sirva um chá. Mentiroso. Amanhã você precisa dar aquelas aulas logo cedo. Éh, eu sei. E precisa entrar no colégio sem olheiras. Haram, eu sei. E seria legal se mantivesse um certo sorriso, algo mais amigável. Tá! E sabe aquele seu vocabulário, está muito pesado, poderia dar uma maneirada. Vou tentar. É final de ano, deveria ter entrado naquelas brincadeiras de tirar nomes e trocar presentes, com salgadinhos. Com salgadinhos? Está me punindo Alfredo? Querendo que eu participe daquelas festinhas e que assista um trombar no outro e ir desencadeando empurrões até a coca-cola derramar em mim, está mesmo me desejando uma festinha de nomes trocados e salgadinhos frios? MEUDEUS, como você já foi melhor Alfred. Nem consigo mais te chamar de uma coisa só, fico variando pra manter um ar suportável. Quer saber, pode me deixar aqui mesmo na cozinha que termino meu chá. Vai amanhecer. Veio aquela música na cabeça. “Corre alta Severina noite, no ronco da cidade uma janela assim acesa”, essa música é bem sexy, além de bem perturbada. Conhece essa música? Não, boa noite. Falando em perturbada é possível descrever uma cena de amanhã. Enquanto procuro um presente para o meu amigo secreto, nada agradável, encontro uma amiga de longa data. Oi, como vai? Bem e você? Bem também. Andei lendo seu blog. Aé, que bacana. Aquele seu personagem, Alfred, Alfredo, não sei, é bem interessante. Alfred não é um personagem. Ah, não é um personagem? Não. Então está me dizendo que tem um mordomo e que toma café das 5 às avessas com ele? Isso mesmo. E que às 5 da manhã tem barulho e estardalhaço no seu prédio? Exatamente. E que esse presente é para o tal amigo secreto do texto que eu vou participar? Perfeito, que inteligente você. E que está com essa blusa preta porque está com medo que derrubem refrigerante em uma mais clara? Muito bem. E o que mais tem a me dizer? Além de você ser uma personagem e não existir de fato, tenho a dizer que é um tanto quanto incomoda, e que errei em ter te criado ontem de madrugada. Barulho, mordomo, chá às 5 da manhã, eu como sua personagem, éh, realmente você pirou. Deveria ter criado alguém melhor? Deveria ir dormir criador e parar de falar comigo-criatura que não quer mais falar com você. Acho válido. Autora? Oi! Só mais uma pergunta, esse Alfred-Alfredo, você só o escuta ou também o vê? Não escuto e não vejo, está menosprezando minha capacidade de criação? Não, mas você disse que ele era real. É, eu disse. Então eu gostaria de saber até que ponto chega a existência dele. Isso é fácil, até onde chega a sua. Mas eu existo, veja. Então pronto. Senhora vai mesmo publicar um conto onde uma estranha questiona se eu existo? Vou. Isso é um absurdo. Você não se despediu para dormir? Sim, mas agora estou ouvindo o barulho. Viu, eu disse.
LG

2 comentários:

Anônimo disse...

pqp isso é genial

Ana Siriani. disse...

Você é absurdamente superior à palavra "fodástica"!