quinta-feira, 3 de maio de 2012

.Olhos de lince e dois metros de altura.


Sugeriram-me que a lua de mel tivesse como cenário Salvador, retruquei, de primeira. Não se passa lua de nada em Salvador, se passa sol, calor, agitação, mas lua, Amor? Lua, não! Nunca pensei que usaria esse recurso ridículo, aumentativo desnecessário. Não gosto. Tenho tido facilidade de expressar sem delongas e rodeios o que não gosto. Tudo parece mais leve, verdadeiramente nítido, como se as palavras que faltavam (ainda faltam), mas não machucam a-Verdade, vão saindo aos poucos. Vou amontoando citações e compensando a demora, estive ausente de inspirações e impulsos. Como outra viagem. Bethânia e Hilst de mãos dadas, acompanhando o novo que se agiganta. Necessito de tantos espaços em branco para contar parte das lembranças recentes, da grande metamorfose, na área ativada da memória que precisei ajustar. De como Deus virou confidente, palpável, sorridente. De como Beckett ganhou minhas lentes. De como as lentes engrossaram e as armações ficaram mais sérias. Do modo como nunca mais ouvirei Manuel Bandeira sem querer chorar, ou sorrir, ou relatar um acontecido. Da cromoterapia que me submeti. Do seu olhar certeiro, das suas mãos quentes, dos seus seios-moldura. 

LG

2 comentários:

Alinne Góes disse...

200!!
E o prazer de fazer parte dele, e dela.

Anônimo disse...

Você, de repente... poderia falar mais sobre: "De como Deus virou confidente, palpável, sorridente".