Sugeriram-me que a lua de mel tivesse
como cenário Salvador, retruquei, de primeira. Não se passa lua de nada em
Salvador, se passa sol, calor, agitação, mas lua, Amor? Lua, não! Nunca pensei
que usaria esse recurso ridículo, aumentativo desnecessário. Não gosto. Tenho
tido facilidade de expressar sem delongas e rodeios o que não gosto. Tudo
parece mais leve, verdadeiramente nítido, como se as palavras que faltavam
(ainda faltam), mas não machucam a-Verdade, vão saindo aos poucos. Vou
amontoando citações e compensando a demora, estive ausente de inspirações e
impulsos. Como outra viagem. Bethânia e Hilst de mãos dadas, acompanhando o
novo que se agiganta. Necessito de tantos espaços em branco para contar parte das
lembranças recentes, da grande metamorfose, na área ativada da memória que
precisei ajustar. De como Deus virou confidente, palpável, sorridente. De como
Beckett ganhou minhas lentes. De como as lentes engrossaram e as armações
ficaram mais sérias. Do modo como nunca mais ouvirei Manuel Bandeira sem querer
chorar, ou sorrir, ou relatar um acontecido. Da cromoterapia que me submeti. Do
seu olhar certeiro, das suas mãos quentes, dos seus seios-moldura.
LG
2 comentários:
200!!
E o prazer de fazer parte dele, e dela.
Você, de repente... poderia falar mais sobre: "De como Deus virou confidente, palpável, sorridente".
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