terça-feira, 18 de maio de 2010

.A gente só sabe bem aquilo que não entende.

Reconhecera que eram expressivas aquelas marcas, e quem diria o contrário? Ah menino, quando disse que a disparidade graça por toda sociedade, não me deu ouvidos. Sabendo fato, durante horas a desvendar verdades, a teoria se mostra apática, amarelada, muito pouco de vivência. No limiar de todo aquele processo, das pequeninas mãos sujas, das grandes dores em corações miúdos, sabendo disso, há de se fazer o que? Houve uma estória, daquelas que se registram sem querer, dentre tantas outras, que passará dias em claro. Uma menina, imagine uma pequena menina, então façamos uso de “uma criança”, disse-me: então, em meio a uma festa, quando ia conhecer meu pai, ele se afastou e vi apenas seu braço. Ah leitor, isso não se escuta caso você não vá buscar. Isso não se despreza, caso você foi o confidente. Então ouvi com despreparo total, e fiz sair palavras fracas, poucas, sem muita dimensão frente ao problema. Mas o que há de fazer, pergunto-lhes novamente? Se meu aprimoramento nas belas teorias e seus livros cheirando intelectuais me afastaram, de um todo, dessa gente, para quem falamos escrever, pensamos mudar, buscamos saídas e nada se conhece. Como mudar o desconhecido? Um tatear o escuro. Um mergulhar na caverna. O que dizer a pequenos olhos marcados, desde tão cedo, pelo abandono. E surgirão as críticas, não se faz mudança amparada em casos isolados, não se transforma nada partindo do indivíduo. E quem sofre nobre senhores? É a coletividade, a classe, os menos favorecidos, o estamento inferior, quem sofre? Se não estiverem inseridos, enquanto um, eles não se bastam? Se os homens não se bastam nas suas dores, angústias, desesperos, juntando-se, movidos por um ideal, eles transformam? Quem frente a problemas pensa em coletividade, meus caros? Quem ante as suas necessidades vai buscar alguém para compadecer do mesmo caso? E como responder a essas pessoas, com esclarecimento, o que se deve fazer? Não só vi o braço do meu pai como já subi em suas costas, brinquei com seu nariz, estralei seu dedo, como me identificar com aquela criança e ainda ter palavras? E quando o intelectual se deparou com o objeto e faltou teorias, a criança disse: mas, tudo bem professora, qualquer dia eu vejo ele todo, mesmo assim vou desenhar ele aqui na folha do jeito que eu penso que ele é. Uma bela tarde de emudecimento da teoria, de vergonha da realidade esquecida e de aprendizado das dores alheias. Fiz menos por não ter ficado e lido minha carga diária de palavras enfeitadas? Não sei.

LG

4 comentários:

"Gol Luana" disse...

Não nos damos conta da dimensão das coisas até que alguém (você) traduza tudo para o entendível.

Você escreve como sorri... Faz parte de toda sua "essencia".

Adoro você

(saudades dos gols)

Anônimo disse...

poesia em tempo de fome
fome em tempo de poesia
poesia em lugar do homem
pronome em lugar do nome
homem em lugar de poesia
nome em lugar de pronome
poesia de dar o nome
nomear é dar o nome
nomeio o nome
nomeio o homem
no meio a fome
nomeio a fome

Doce disse...

São essas as preocupações que impulsionam o nosso crescimento emocional e nos preparam para as novas situações que podem surgir.
Eis o exercício diário dos educadores meu bem!

Anônimo disse...

A criação do mundo em um dia e não em sete.

Suponho que esteja pensando nisso, nessa sua abstinência da escrita.
Dessa forma, hoje é seu último dia para criar o meu mundo. Por favor, eu preciso dele e sei que você também.

Me ausente da infelicidade de não te encontrar por aqui.